quarta-feira, 6 de abril de 2016

Espólio, Dentaduras, Rouparia e Incineradoras | A segurança do doente também passa pela salvaguarda dos seus bens pessoais

Após alguns incidentes que resultaram na “perda” de próteses dentárias de doentes internados fiquei curioso em saber o que mais se “perde"?

Lembrei-me daquilo que encontrávamos, há muitos anos atrás (1999) quando ainda utilizávamos a “nossa” incineradora, após a limpeza e remoção das cinzas.
Estes eram os restos metálicos do que ia dentro dos sacos.
Foto de Fernando Barroso - Dezembro de 1999
É verdade. São arrastadeiras, muitos ferros cirúrgicos, panelas, suportes de soro etc.

Actualmente já não existe a incineradora (felizmente), mas temos rouparia!

Será que há bens perdidos que seguem com a roupa hospitalar?
- Há pois. E o resultado pode ser “assustador”.

Sejam os profissionais, quando enviam as suas fardas para lavar, ou a roupa retirada aos doentes (roupa da cama, pijamas ou túnicas), a verdade é que há muitos objetos enviados com a roupa para a lavandaria. Vê a foto abaixo.
Estes são objetos recuperados pela lavandaria, após lavagem da roupa ou durante a abertura dos sacos com a roupa suja... Encontra-se literalmente de tudo.
Foto Fernando Barroso
Alguns objetos são recuperados, mas muitos são “perdidos” para sempre, com especial prejuízo para os Doentes, por exemplo, quando estão envolvidas próteses dentárias.

As próteses dentárias são um foco de preocupação, não só pelo seu valor material, mas principalmente porque, se for perdida, o doente fica com uma capacidade muito reduzida de se alimentar convenientemente, o que tem implicações no seu processo de doença e recuperação. A desnutrição é uma realidade em muitos doentes internados.

Como diminuir o risco de perda acidental da prótese do doente?

Deixo algumas sugestões:
  1. A instituição deve ter disponível uma “caixa descartável para prótese dentária” para
    os doentes colocarem a sua prótese caso tenham necessidade de a retirar.
    Este hábito é fundamental e a sua existência e utilização é um dos maiores fatores dissuasores da ocorrência deste tipo de incidentes. A caixa deve ser identificada com uma etiqueta identificadora do doente.
  2. Deve ser efetuado ensino ao doente, informando que não deve colocar a sua prótese dentária em toalhetes de papel, guardanapos, bolsos do pijama, debaixo da almofada ou outro local, pelo enorme risco destes materiais serem posteriormente eliminados ou removidos, o que leva à perda da prótese.
  3. Caso ocorra a perda da prótese, verificar rapidamente os resíduos desse local/quarto e os sacos da roupa (se o incidente é recente, normalmente é possível recuperar a prótese dentária). E não se esqueça de questionar a rouparia.
  4. Deve existir um “procedimento ou norma institucional” que oriente os profissionais sobre as medidas a adotar para salvaguardar os bens dos doentes (o que fazer com os bens do doente (espólio), onde guardar, quem é responsável, etc.).

Estas são apenas algumas sugestões.
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