sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Desabafo - Portugal não aguenta | #SD401


Por mais que tente, não consigo entender tudo aquilo que observo.

Alguém me interpela e “pede” mais fatos de circulação, que os que tem diariamente no serviço não chegam... Diz que - “agora somos chamados mais vezes perto dos doentes e que depois tem de tomar banho… e vestir outro fato

Não resisto a comentar que compreendo que, quando passas 2, 3 ou 4 horas metido num EPI plástico que ficas todo transpirado, mas não compreendo como é que intervenções de 10, 15 ou 20 minutos obriguem ao mesmo procedimento.

Não estamos a tratar ébola.

Não temos fatos de circulação para esse volume de medo, e que é importante que todos estudem o assunto (COVID) e saibam o que devem fazer.

Portugal não aguenta este nível de ignorância.

 

Alguém pede uma bata impermeável com mangas + luvas + barrete (já tinha uma P2).

Apenas quer ir a um dos computadores de um gabinete de consulta (não COVID) consultar algo no SClínico.

Esteve lá menos de 5 minutos a usar o PC.

O EPI foi depois todo para o lixo.

Portugal não tem dinheiro para este nível de medo.

 

Uma Assistente de lar de uma “Santa Casa” (com casos COVID) entra no serviço de consultas externas com um utente para uma consulta.

Aproveita uns segundos em que o Segurança não estava na porta e entrou sem máscara (nem ela nem o utente).

O Segurança apercebesse e alerta. A Sra. é colocada (com o utente) no exterior (são só alguns metros) e repreendida. Vamos buscar umas máscaras para lhe entregar.

Ao regressar perto da mesma já ela colocou uma máscara ao utente e coloca uma nela própria. Sempre teve as máscaras consigo. Apenas optou por não as colocar.

Portugal não aguenta com este nível de iliteracia (?) falta de formação (?) falta de civismo (?) desprezo pelos outros(?)


E isto foi apenas uma pequena parte do dia…


 Fernando Barroso

UM DIA SERÁS TU O DOENTE!
#segurancadodoente

domingo, 8 de novembro de 2020

Avaliação do Risco para Abertura de um Serviço COVID | #SD400


Ao considerar a abertura de um serviço ou a transformação de um serviço existente para Doentes (confirmados ou suspeitos) com o novo Sars-CoV-2, deve ser efetuada uma “avaliação do risco” que considere aspetos importantes no âmbito do controlo de infeção, e antecipe entre outras, as seguintes “fonte de risco”:

1.    FONTE DO RISCO: Definição de circuitos
  • Circuito limpo e circuito sujo/contaminado
  • Circuito de doentes suspeitos/confirmados – ponto de entrada e saída (definido de acordo com estratégia institucional;
  • Circuito dos profissionais acesso a vestiários/balneários; Lotação máxima de profissionais em simultâneo;
  • Circuito para sujos (resíduos hospitalares e roupa contaminada) – pontos de recolhas;
  • Circuito para alimentação; rouparia; aprovisionamento e farmácia – ponto de entrega para os profissionais destes serviços com restrição de acesso ao interior;
  • Considerar marcação no corredor central (pavimento) de zona suja/zona limpa – esta definição é facilitadora das boas práticas.

2.    FONTE DO RISCO: Limpeza

  • Avaliar as necessidades para o serviço (nº de horas contratadas);
  • Número de profissionais dedicados;
  • Considerar as opções - limpeza assegurada pelas Assistentes Operacionais do próprio serviço ou limpeza assegurada pela empresa de limpeza;
  • Material/equipamento de apoio de acordo com “Procedimento Interno Para Limpeza De Áreas Com Doente Covid-19” (construir procedimento interno).

3.    FONTE DO RISCO: Espaços para pausa/alimentação

  • Definir local;
  • Definir nº de profissionais em simultâneo;
  • Acondicionamento de lancheiras dos profissionais na unidade.

4.    FONTE DO RISCO: Formação dos profissionais

  • Colocação / Remoção de EPI`s – Disponibilizar prática simulada, cartazes, vídeos tutoriais;
  • Tipologia de máscaras;
  • Procedimentos para limpeza de áreas com doente COVID-19.

5.    FONTE DO RISCO: Fardamento dos profissionais

  • Número de fardamento necessário; Tamanho; Circuito de entrega.

6.    FONTE DO RISCO: Equipamento e Material Clínico

  • Material em quantidade adequada;
  • Tipologia de material específico para tratamento do Doente COVID;
  • EPI’s (nº e tipologia).


Estas são apenas algumas das “fontes do risco” a considerar, que necessariamente variam de serviço para serviço ou de instituição para instituição.

Em resumo, recomenda-se a realização atempada de uma avaliação do risco que permita uma identificação das fontes do risco, a sua hierarquização e a implementação de medidas de tratamento do risco que garantam a segurança dos doentes permitindo aos profissionais prepararem-se de uma forma mais segura para o exercício das suas atividades. 


Fernando Barroso
UM DIA SERÁS TU O DOENTE!
#segurancadodoente