Sabemos que o sector da Saúde deu passos de gigante na segurança do doente nos
últimos anos. No entanto, há sempre espaço para melhorar na viajem em direção ao “dano zero” para o doente.
Em 2015 surgiram vários problemas que projectaram uma nova luz sobre as ameaças à segurança do doente.
O equipa editorial da The Becker's Infection Control & Clinical
Quality Infection Control escolheu 10 questões de
segurança do doente para os profissionais de saúde terem em
consideração 2016. As questões são
apresentadas abaixo sem nenhuma
ordem particular, tendo sido selecionadas com base nos acontecimentos e tendências de 2015.
Erros de Medicação – A Agency for Healthcare Research and Quality chama
aos erros de medicação "um
dos tipos mais comuns de erros durante o internamento", uma vez que anualmente
quase 5% dos doentes hospitalizados são
afetados por eventos adversos a medicamentos. Novas evidências
descobertas em 2015 mostram que
esses erros são abundantes também durante as cirurgias.
Erros de Diagnóstico
– Os erros de diagnóstico ficaram nas “luzes
da ribalta” no final de 2015
graças a um relatório do Institute of Medicine intitulado "Improving Diagnosis in Health Care".
O relatório afirma que os erros de diagnóstico são responsáveis por
6% a 17% dos eventos adversos hospitalares e cerca
de 10% das mortes de doentes,
indicando que existe definitivamente espaço para melhorar.
Procedimento de Alta
para
os cuidados não diferenciados ou domicílio – A alta hospitalar pode ser um momento crítico no cuidado do doente. Um estudo do início da década de 2000 descobriu que quase
20% dos doentes experimentam
um evento adverso dentro de três semanas após a alta,
e muitos desses eventos poderiam ser evitados.
Segurança no Trabalho – É um dever da instituição de saúde manter os doentes
seguros, mas alguns especialistas
argumentam que os doentes não ficam seguros,
a menos que os
profissionais de saúde se sintam também eles seguros.
"Se os
profissionais de saúde estão seguros, então teremos doentes mais
seguros", afirma Deborah
Grubbe, consultora de saúde na DuPont Sustainable Solutions, porque "quando os profissionais de saúde
não tem de se concentrar na sua própria segurança ou preocupar-se
se se vão magoar, eles passam a ser capazes de gastar toda a sua energia e agilidade na prestação de bons cuidados para o doente."
Sabia que a Direção Geral da Saúde emitiu em 2014 a Orientação nº 008/2014 de 21/05/2014 - Organização e funcionamento do Serviço de Saúde
Ocupacional/Saúde e Segurança do Trabalho dos Centros Hospitalares/Hospitais.
Não deixes de ler.
Segurança das Instalações – Os problemas com a “infra-estrutura
e instalações”
das unidades de saúde podem
colocar
a segurança do doente
em risco (veja estes exemplos). Várias vezes
em
2015,
a segurança dos
doentes foi comprometida
ou quase
comprometida
por causa das
instalações ou falhas na sua manutenção.
Problemas com o Reprocessamento – As questões que envolvem o reprocessamento de certos dispositivos
e equipamentos médicos (em especial os endoscópios)
e sua ligação com infeções esteve bem presente em 2015 e de certeza que transitará
para 2016, com os profissionais de saúde a aprimorar as melhores práticas para
evitar novos incidentes. Na verdade, o Instituto ECRI colocou em primeiro
lugar na sua lista – Top 10 Perigos Relacionados com a
Tecnologia na Saúde
– a limpeza inadequada dos endoscópios
flexíveis (Inadequate
Cleaning of Flexible Endoscopes before Disinfection Can Spread Deadly
Pathogens).
Sépsis – De
acordo com o CDC, mais de 1 milhão de
casos de sépsis ocorrem todos os anos, e cerca de metade das pessoas com sépsis acaba por morrer, tornando-se esta a
nona principal causa de morte relacionada com a doença.
Embora a sépsis não seja uma nova
preocupação de segurança do doente, torna-se de novo objeto de atenção em 2016 quando
o CMS (Centers for Medicare & Medicaid
Services) acrescentou a sépsis grave e a Bundle de Gestão Precoce do Choque
Séptico para o ano fiscal 2016 como um item no seu sistema de pagamento aos
hospitais. O financiamento é de facto um poderoso “incentivo”…
Para
saber mais clique
aqui.
"Super" Superbactérias – Superbactérias - definidas por Brian K. Coombes, PhD, da Universidade McMaster, no Ontário
como bactérias que não podem ser tratadas usando dois ou mais antibióticos -
continuam a representar uma ameaça para os doentes, e estas superbactérias parecem estar a ficar mais fortes.
Um relatório do CDC publicado em Dezembro/2015 revelou um conjunto
particularmente perigosa de estirpes CRE (carbapenem-resistant
Enterobacteriaceae) sendo um motivo de preocupação de saúde pública nos EUA.
Podes saber mais sobre este assunto
aqui “Enterobacteriaceas
resistentes aos carbapenemes”
A ciber-insegurança de dispositivos médicos. Em julho de 2015, o U.S. Food and Drug Administration emitiu um alerta de segurança oficial aos hospitais solicitando a
implementação de medidas de segurança adicionais perante o uso do sistema de infusão
Infusion System Hospira Symbiq, uma
bomba de infusão informatizada que é amplamente utilizada para administração de
medicamentos, depois de ter ficado aparente que, com alguma facilidade, os hackers
poderiam aceder remotamente ao dispositivo e alterar as dosagens.
As preocupações com a cibersegurança deixou de ser uma preocupação específica dos serviços IT para
passar a ser uma preocupação que envolve a segurança do doente o suficientemente grave para estar no radar
de todos.
Ser transparente com os Indicadores da Qualidade – A maioria dos sistemas de saúde aplica
aos seus doentes questionários sobre
as suas experiências e satisfação
com os médicos (e outros
profissionais de saúde) durante a sua hospitalização. No entanto poucos optam por colocar essas avaliações on-line para que todos as possam
ver, embora haja razão para acreditar que essa prática (de divulgação) pode
melhorar a segurança do doente.
Ashish K. Jha é um pesquisador de
segurança do doente da Universidade de Harvard. Ele escreveu um artigo no Harvard Business Review em outubrode 2015 em que afirma que "Quando
todos - médicos, doentes, instituições e imprensa – estiverem a par dos dados
sobre o desempenho, os médicos (e outros profissionais de saúde) irão
desenvolver um maior sentido de responsabilidade na prestação de cuidados de
qualidade".
Estes são então alguns dos problemas com
que nos veremos confrontados em 2016.
E tu, achas que existem outros que também
mereçam a nossa atenção?
Fernando Barroso
Fernando Barroso
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