Quando
usamos uma seringa, uma compressa, um monitor para avaliação de sinais vitais,
estamos a utilizar um Dispositivo/Equipamento Médico (ver CISD).
Quantas
vezes já começas-te a utilizar um DM, para perceber quase de imediato que o
mesmo não se encontra em condições de ser utilizado, podendo o mesmo estar a colocar
em risco a segurança do doente e também do próprio profissional?
E
quando isso acontece o que fazes?
Notificar
estes incidentes é fundamental para conseguirmos obter DM de qualidade
aceitável, e tornar evidente aos decisores que a opção pelo DM mais barato
nem sempre é a melhor opção, e que estes DM colocam em risco os Doentes.
Como devemos notificar?
1. Assim que detetes um
incidente com um DM, regista sumariamente o que estavas a fazer.
2. É fundamental registar
informação relativa ao DM.
1. Marca;
2. Lote;
3. Referencia e data de
validade (se possível);
4. Guardar o DM em causa
- Mesmo que já tenha sido utilizado. Este aspeto é fundamental já que é comum a
recusa por parte do Fabricante em analisar a notificação com base na
“impossibilidade de analisar o DM que causou o incidente”.
3. Notifica o incidente,
assim que te for possível, recorrendo ao sistema de notificação da tua
instituição ou, caso o mesmo não exista, utiliza o Sistema Nacional de
Notificação de Incidentes e Eventos Adversos (SNNIEA) da DGS.
4. Se a notificação for
interna, envia posteriormente o DM ao grupo/comissão que na tua instituição
tenha a responsabilidade de gerir o sistema de notificação. Se a opção foi o
SNNIEA, sugiro que envies um resumo da notificação, em conjunto com o DM, para
o Serviço de Aprovisionamento da tua Instituição.
Com
base na notificação dos Serviços Utilizadores tem sido possível identificar e
substituir DM cujo funcionamento é deficiente, colocando em risco o doente e
indiretamente os profissionais que o cuidam.
Alguns exemplos incluem:
1. Válvulas anti-refluxo
(tipo Bioconector) que não impedem a saída de sangue ou são demasiado
volumosas;
2. Cateter urinário cuja
adaptação é incompatível com o saco coletor em utilização na
Instituição;
3. Penso adesivo que
não cola;
4. Sistema de soro que
não fecham na totalidade
5. Material esterilizado
de fábrica que está sujo quando é aberto;
6. Pacemacker que
apresenta uma frequência cardíaca programada diferente da frequência que
está marcada no invólucro externo;
7. …
A
lista pode ser interminável. Temos de estar atentos e intervir de imediato,
para a Segurança do Doente e dos Profissionais. Se for necessário, e dependendo
das situações, os incidentes com DM devem também ser notificados ao SISTEMA
NACIONAL DE VIGILÂNCIA DE DISPOSITIVOS MÉDICOS do INFARMED,
entidade com competência para atuar junto dos Fabricantes neste tipo de
incidentes.
Um
registo sistemático dos incidentes com DM permite ainda às Instituições reclamar
junto dos Fabricantes a restituição de valores despendidos e fundamenta
a substituição dos DM que estão na origem dos incidentes por outros de melhor
qualidade.
Apenas
em conjunto (Utilizador; Júri de concurso; Aprovisionamento e Conselho de
Administração) podemos melhorar a qualidade dos DM que utilizamos diariamente.
Caso
tenhas alguma dúvida sobre este assunto ou pretendas ver desenvolvido alguma
parte ou assunto em particular, por favor, envia as tuas questões/sugestões
para blogriscoclinico@gmail.com
Fernando
Fausto M Barroso