Erros de Comissão;
Erros de Omissão;
Erros de Comunicação;
Erros de Contexto e;
Erros de Diagnóstico.
Estas distinções são
importantes porque os investigadores que procuram o dano que pode ser
prevenido, devem estar conscientes do que podem encontrar e do que não
conseguem encontrar.
O erro mais fácil de
detetar nos registos clínicos é o erro
de comissão. Este erro ocorre quando uma ação errada provoca dano no
doente, quer seja porque era a ação errada ou, apesar de ser a ação correta,
esta foi executada de forma inadequada. Por exemplo, um doente pode necessitar
de remover a vesícula biliar, mas durante a cirurgia, o intestino é
inadvertidamente perfurado e o doente desenvolve uma infeção grave.
O erro de omissão pode ser detetado nos registos clínicos quando uma
ação obvia era necessária para tratar o doente, no entanto essa ação não é
efetuada. Por exemplo, um doente pode necessitar de um β-bloqueante, mas porque
este não foi prescrito, o doente morre prematuramente. Os erros de omissão
devido à falha em aplicar orientações ou normas baseadas na evidência são mais
difíceis de detetar, em parte porque existem inúmeras orientações ou normas
complexas e também porque as consequências adversas da falha em aplicar estas
orientações ou normas podem manifestar-se apenas após a alta.
Os erros de comunicação podem ocorrer entre 2 ou mais profissionais de
saúde ou entre profissionais de saúde e o doente. Um exemplo de um erro fatal
de comunicação entre um profissional de saúde e um doente ocorreu quando um
cardiologista falhou ao não alertar um doente de 19 anos para que não corresse.
O doente tinha tido um desmaio quando estava a correr e após 5 dias de
internamento para efetuar testes de diagnóstico estes foram inconclusivos; No
entanto, o seu cardiologista sabia que ele não estava apto para voltar a correr
mas falhou ao não o avisar relativamente a este risco. Não tendo sido avisado
deste rico, o doente voltou a correr e morreu, três semanas depois enquanto
corria[1].
Os erros de contexto ocorrem quando um clínico não tem em conta
constrangimentos particulares na vida do doente que podem condicionar o sucesso
do tratamento após a alta. Por exemplo, pode faltar ao doente a habilidade
cognitiva para cumprir com o plano de tratamentos proposto ou pode não ter
acesso à continuidade dos cuidados apropriados.
Os erros de diagnóstico resultam em atraso no tratamento, tratamento
incorreto ou tratamento ineficiente. Todos podem ser considerados
separadamente, embora uma pequena parte possa ser incluída nos erros de
comissão ou omissão. Por exemplo, um diagnóstico errado pode levar a dano para
o doente devido a erros de comissão devido à “aplicação” de um tratamento
superior ou inferior ao necessário até que o erro seja identificado. A aparente
predisposição de alguns sistemas de saúde em “híper-diagnosticar” os seus
doentes resulta frequentemente em consequências com dano para os doentes.
Fernando Fausto M Barroso
[1] James JT. A Sea of Broken HeartsVPatient Rights
in a Dangerous, Profit-Driven Health Care System. Bloomington, IN: AuthorHouse; 2007.