Hoje comemoramos o DIA MUNDIAL PARA A SEGURANÇA DO DOENTE. Este ano, esta iniciativa da OMS tem como tema foco a SEGURANÇA DOS PROFISSIONAIS.
A premissa é simples - Sem Segurança dos Profissionais não é possível alcançar a Segurança dos Doentes.
Coloca-se assim uma questão pertinente.
Como garantir a Segurança do Profissional de Saúde?
Para que um profissional de saúde se sinta seguro, existem um conjunto de requisitos. Estes são apenas alguns desses requisitos:
- Segurança no Conhecimento
- Segurança nos Equipamentos de Proteção Individual
- Segurança nos Dispositivos Médicos e Materiais
- Segurança na Equipa
- Segurança na Instituição
- Segurança no Serviço de Saúde Ocupacional
Segurança no Conhecimento
Para que a atuação do profissional seja segura, e ao
mesmo tempo para que o profissional se sinta segura nos atos que pratica, é indispensável
que o profissional detenha e aplique o conhecimento necessário à sua actuação.
Esta parece ser uma afirmação óbvia e que dispensaria mais
considerações, mas a pandemia da COVID-19 veio demonstrar que não é bem assim.
Não só esta nova doença nos veio colocar novos
desafios na forma como tratar os Doentes, como também tornou evidente as
lacunas de muitos profissionais, nomeadamente no que diz respeito ao
conhecimento das medidas de controlo de infeção que os poderiam proteger.
É assim indispensável voltar a estudar, aprender tudo o que
for necessário não só para conseguirmos tratar eficientemente os nossos
doentes, mas também para garantir a
nossa própria segurança quando estamos a prestar cuidados de saúde.
Segurança nos Equipamentos de Proteção Individual
Até há pouco tempo atrás, os EPI’s
(Equipamentos de Proteção Individual) não tinham o protagonismo que hoje
apresentam.
Era comum constatar a forma relutante como alguns profissionais se
equipavam para cuidar de um doente, por exemplo, com MRSA, uma KPC (Carbapenemase
de Klebsiella pneumoniae) ou uma vulgar gripe. O EPI recomendado, em tudo
semelhante ao actual na COVID-19, via-se inúmeras vezes limitado ao simples
avental descartável e um par de luvas.
A COVID-19 veio mudar
tudo.
Desde as imagens alarmantes, cuidadosamente coreografadas
pelo regime chinês, e que rapidamente se espalharam como “única verdade”, os EPI´s transformaram-se no símbolo do
esforço que muitos profissionais de saúde têm de efetuar para cuidar dos
doentes ao seu cuidado.
Mas para utilizarem
corretamente os EPI’s é necessário; Conhecer o tipo de EPI a usar e quando;
Saber
como colocar e remover o EPI; Quais as diferenças
entre o tipo de máscaras recomendadas e quais as mais eficientes?. Estes são
apenas alguns dos desafios de conhecimento colocados aos profissionais de
saúde.
Segurança nos Dispositivos Médicos e Materiais
Os dispositivos médicos (DM) e materiais usados nas
instituições de saúde são um desafio constante para os profissionais.
Muitas vezes habituados a uma determinada “marca” e
“modelo”, o advento da centralização das compras e a busca pelo mais barato ou simplesmente
aquele que está disponível no mercado veio colocar em causa a qualidade de
alguns DM´s e materiais que chegam efetivamente às mãos dos trabalhadores e
consequentemente aos doentes.
Como a sabedoria popular nos ensina – o barato sai caro. Já assistimos a
isso inúmeras vezes. Cabe ao profissional
conhecer os DM´s com que trabalha e perceber de que forma deve atuar para
resolver os desafios colocados por DM’s de qualidade duvidosa e que colocam em
risco a segurança dos doentes, notificando os incidentes de segurança do doente de que tenha conhecimento.
Segurança na Equipa
Como seres sociais, dependemos em grande medida do
nosso grupo para suportar o nosso modo de vida. É assim também nos serviços da
saúde.
Pertencemos a uma equipa, e a nossa segurança está intimamente ligada ao conhecimento global da nossa
equipa. Se, como grupo, tivermos o conhecimento suficiente
para enfrentar os desafios que a prestação de cuidados de saúde complexos
coloca, estaremos enquanto indivíduos mais preparados e seguros.
Também a gestão do “medo” da equipa é fundamental. Haverá profissionais mais assustados que outros. Este medo pode colocar o
profissional e os doentes em risco. É importante ajudar os colegas que se
encontram mais assustados e mais desconfiados.
Segurança na Instituição
Há vários anos que a “Cultura de Segurança do Doente” é avaliada nos
hospitais.
Os resultados destas avaliações (ver imagem abaixo) ao longo do tempo tem colocado algumas
das suas dimensões, consistentemente,
com percentagens baixas. Por
exemplo:
Dimensão 12 – Resposta ao erro não punitiva (com 26%)
Dimensão 10 – Dotação dos Profissionais (com 34%)
Não só os profissionais percecionam que ao relatarem incidentes de segurança do
doente que tal informação pode voltar-se
contra os próprios, como a recorrente
falta de recursos humanos é um fator presente e também ele influenciador da
segurança do doente e consequentemente dos próprios profissionais.
É urgente mudar ambas as coisas.
Segurança no Serviço de Saúde Ocupacional
Talvez nunca como agora, com a pandemia COVID-19, se percebe
a importância do Serviço de Saúde
Ocupacional numa instituição de saúde.
Criar modelos de apoio
aos profissionais, não só na resposta a situações de saúde física, mas
também emocional, psicológica e
(diria mesmo sem medos) psiquiátrica,
é fundamental para a segurança dos profissionais.
Confiar sem reservas nas indicações do Serviço de Saúde Ocupacional
é algo que não estamos habituados a fazer.
Mas aqui são os próprios profissionais que detém uma enorme
responsabilidade. Quando foi a última
vez que, consistentemente, exigimos a existência e competência destes serviços
nas nossas instituições? A maioria nunca.
Tirando
honrosas exceções, a maioria destes serviços existirá com recursos a tempo
parcial e pouco preparados (talvez como todos nós estávamos) para responder aos
desafios da pandemia COVID-19, incumprindo inclusivamente com a legislação
vigente.[LC1]
Ao invés de criticar
temos de ajudar, construindo positivamente um serviço de profissionais para
profissionais.
Possivelmente será
esse, e apenas esse, o apoio formal que teremos.
Estes são apenas alguns pontos que merecem a nossa reflexão
neste DIA MUNDIAL DA SEGURANÇA DO DOENTE.
E tu, como vais assinalar este dia? Partilha connosco nos comentários outros temas que consideres importante discutir. Termos todo o gosto em dar-te a nossa opinião.
Fica Bem – Fica Seguro!
Fernando Barroso; Luís
Caldas
#segurancadodoente
Olá
ResponderEliminarNo mínimo, divulguemos esta mensagem nas nossas Instituições.
Nada custa e os doentes/profissionais agradecem...
Cumprs
Augusto