A Pandemia de COVID-19 tem sido usada como desculpa para muitas coisas.
Uma delas é a descaracterização
dos profissionais.
Não digo isto de ânimo leve!
Não só a necessária utilização de Equipamentos de Proteção individual (EPI’s) veio “esconder” o rosto e as fardas dos profissionais, como muitos profissionais passaram a usar apenas fatos de circulação.
Esta opção tem, obviamente, inúmeros aspectos positivos:
Permite aos profissionais vestir um fato limpo no início de
cada turno (o que nem sempre acontecia anteriormente), assim como a troca de
fato durante o mesmo turno caso tal se revele necessário (e é certamente depois
de várias horas vestido com EPI completo).
A utilização de fatos de circulação dá ao trabalhador uma sensação de segurança acrescida, e esse
é um aspecto que não deve ser desprezado.
Mas a utilização massiva
de fatos de circulação em detrimento do fardamento oficial de cada
Instituição também tem aspectos negativos:
A tal sensação de segurança pode ser enganadora se o profissional não compreender que o fundamental é
cumprir com as medidas de precaução
básicas e especificas em controlo de infecção.
Um fato de circulação
não é uma armadura impenetrável.
Um fato de circulação só deveria ser usado em situações
especificas de alto risco de
contaminação, em Serviços Cirúrgicos (Blocos)
ou Unidades Especiais (p.ex: Técnicas
de Gastro), e não deve ser utilizado fora dos serviços onde esses cuidados são
prestados.
Os fatos de circulação não
devem ser descartados como lixo, mas sim colocados para reprocessamento em
locais predefinidos para que possam ser lavados e reintroduzidos novamente no
circuito.
Os fatos de circulação (e já agora, também as fardas e Batas) não devem ser usados no momento de sair da instituição para voltar a casa (e continua a ver-se, mesmo nestes dias, esta prática que todos sabem estar errada).
Os fatos de circulação são um recurso finito. Os profissionais devem respeitar a sua utilização.
Os fatos de circulação de uma instituição (que os comprou e
colocou a uso para os seus Profissionais) não devem ser “desviados” para outras instituições de saúde.
Mas o pior de tudo, pelo menos para mim é a descaracterização dos profissionais.
Um fato de circulação (igual a quase todos os outros) em conjunto com uma máscara, uma touca e por vezes óculos (sejam os pessoais ou outros) transforma rostos e pessoas conhecidos em perfeitos estranhos.
A maioria dos profissionais deixou até de usar o seu cartão de identificação. Porquê?
Se os doentes já ficam confusos com as fardas normais, imaginem agora quando à sua volta, todos são iguais.
Observo profissionais que, por detrás deste anonimato recém-criado,
adotam práticas de verdadeiro desprezo por quem está há sua volta. Não pode ser.
O COVID-19 não é desculpa para este tipo de comportamento.
Estamos perto das comemorações do DIA MUNDIAL DA SEGURANÇA DO DOENTE, este ano dedicado à Segurança dos Profissionais de Saúde.
A Segurança dos Profissionais é fundamental, como já tive oportunidade de expressar, mas os Profissionais de Saúde também tem de reconhecer o esforço que as instituições fazem para lhes proporcionar EPI’s e outro equipamento (fatos de circulação incluídos), respeitando a sua utilização de forma criteriosa e acima de tudo respeitando os Doentes que cuidamos e com quem nos cruzamos nos corredores das nossas instituições.
Todos temos uma identidade própria, mas numa instituição não nos representamos apenas a nós próprios. Representamos a Instituição e um Grupo Profissional.
É em busca desta identidade que os Doentes olham para nós, nos procuram e nos reconhecem.
Não sejas anónimo.
Fernando Barroso
Olá
ResponderEliminarUm post, mais um, que coloca o dedo na ferida...ou, neste caso, na farda. :-)
Que bom seria se ele chegasse a muita gente....e de todas as classes profissionais.
Cumprs
Augusto
Partilha meu Amigo. Partilha com quem puderes.
Eliminar👏👏👏👏👏👏👏👏👏
ResponderEliminarDe acordo 100%
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