quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

10º Aniversário do Blog - Segurança do Doente | #SD407


O Blog “Segurança do Doente” completa hoje o seu 10º Aniversário.

Ao longo destes 10 anos, foram publicados mais de 400 artigos em que a segurança do doente e dos profissionais esteve sempre, de uma ou de outra forma, presente.

Sempre trabalhei para ser fiel ao seu lema - Aprender, Partilhar, Informar.

É muito gratificante perceber, através das mensagens dos leitores do blog que vou recebendo nos comentários, por email e mesmo presencialmente, que este projeto teve um verdadeiro impacto na segurança dos doentes através da informação simples e direta que tenho vindo a partilhar com todos aqueles que querem melhorar a segurança dos seus doentes.

Sei que o blog é lido por milhares de pessoas, e o registo de acessos ultrapassa largamente um milhão de visitas até agora.

Nestes 10 anos tratei múltiplos aspetos da segurança do doente, chamando a atenção para as melhores práticas, para a forma simples de “fazer”, e para o importante papel de profissionais e doentes.

Também falei das dificuldades, dos erros e dos incidentes de segurança em que todos nos envolvemos e de como podemos e devemos aprender com eles.

Abordei a importância da formação nesta área e de como esta é essencial e deve ser repetida uma e outra vez, já que é tão fácil esquecer o básico.

Estrutura Concetual da Classificação Internacional sobre Segurança do Doente define a Segurança do Doente como a redução do risco de danos desnecessários relacionados com os cuidados de saúde, para um mínimo aceitável.

Passados 10 anos de muitas e importantes conquistas, vivemos atualmente um momento critico e marcante da nossa vida coletiva – A pandemia de COVID-19.

Em todas as instituições de saúde, grandes ou pequenas, em praticamente todo o mundo, os profissionais de saúde lutam contra um vírus terrível e contra os nossos próprios medos.

Não são apenas os doentes que morrem sem que muitas vezes nada seja possível fazer por eles. Somos também nós profissionais que sofremos diariamente o seu impacto. No fim do dia, TODOS TEMOS MEDO de que também nós possamos perder esta batalha.

Demasiadas vezes estamos perante uma torrente constante de doentes (em especial os profissionais dos Serviços de Urgência) para os quais não há, por vezes, resposta. Mas todos os dias se fazem milagres.

As Unidade de Cuidados Intensivos multiplicam a sua capacidade muito para além das recomendações de boas práticas. E todos os dias salvam vidas.

Os Serviços de Internamento reinventam-se e readaptam a sua função às novas exigências. E com isso vão dando esperança.

Os profissionais de saúde transformam-se, reinventam-se e readaptam-se a novas realidades e a novos conceitos. Apesar do seu esforço e de uma dedicação inquestionáveis, são já visíveis as consequências físicas e psicológicas em muitos de nós. As marcas vão ficar para o resto das nossas vidas. Todos estamos a pagar um preço muito alto.

E todos os dias nos pedem um pouco mais, mais um esforço, muitas vezes sem se perceberem que para muitos dos profissionais esse pedido já não terá resposta.

E dói muito perceber a perda, sentir que muitos de nós – com quem nos habituámos a trabalhar e a rir - já não vão voltar.

Para os que ficam, no dia a dia, resta-nos (com o empenho de sempre) trabalhar em prol da segurança do doente que está, naquele momento, há nossa responsabilidade, e garantir a sua segurança reduzindo o risco de danos desnecessários relacionados com os cuidados de saúde que lhe estou a prestar, a um mínimo aceitável.

Também eu, passados mais de 17 anos, regressei por estes dias à prestação direta de cuidados. Sinto que em cada técnica, em cada gesto, em cada toque, em cada palavra, eu posso e vou fazer a diferença, pelo menos para aquele doente à minha frente, naquele momento.

Bem hajam a todos os que fazem da “segurança do doente” o seu lema diário.

Fernando Barroso

UM DIA SERÁS TU O DOENTE!

#segurancadodoente

 

E é para dar mais voz aqueles que se quiseram associar a esta comemoração que passo a apresentar vários textos, relacionados com a “Segurança do Doente”, enviados por alguns leitores do Blog.

Todos os textos estão assinados pelos seus autores a quem agradeço a partilha e o empenho em prol da “Segurança do Doente”.

A todos o meu muito obrigado por todo o apoio ao longo destes anos.

 

Texto de Ana M. Levy

A segurança do utente é tudo aquilo que devemos fazer e em que, se não pensarmos, não considerarmos e não implementarmos, fará com que tudo o que fizermos bem e com boa intensão, possa correr mal e causar mais dano do que benefício

 

Texto de Edite Silva; Enfermeira da DNS; Cabo-verde

"A segurança do cliente é definida como a redução do risco e de danos desnecessários associados aos cuidados em saúde e é protegida e disseminada dentro de uma cultura de segurança, que é uma cultura de aprendizagem através das notificações dos resultados, onde a segurança de uma organização é prioridade."

" A segurança, enquanto componente da qualidade dos cuidados de qualquer organização, tem um significado especial para os clientes, gestores e prestadores de cuidados, sendo um fenómeno passível de ser avaliado nas várias dimensões que a integra".

 " O seu foco incide na manutenção da prestação de cuidados seguros envolvendo uma série de procedimentos organizacionais de identificação, gestão e prevenção dos incidentes e eventos adversos."

 

Texto de Fernando Pina

A segurança do doente é o elemento chave de todo o Sistema de Saúde. Preocupação que tem forçosamente que ser transversal a todos os envolvidos na prestação de cuidados, quer diretos quer indiretos, onde se inclui o cuidador informal e o próprio utente, com níveis de envolvimento e responsabilização diferenciados de acordo com a função desempenhada no sistema de saúde/organização.

A Segurança do Doente, é também o elemento indispensável na qualidade em saúde, requer ser trabalhada constantemente e de forma consistente, através de uma avaliação sistémica e sistematizada do risco clínico, seja ele real e/ou potencial, bem como dos riscos associados e potenciais consequências.

Os gestores enquanto principais responsáveis pela segurança e qualidade dos cuidados devem promover nas equipas uma cultura de boas práticas de segurança e zelar pela mesma, de forma integrada. Requer uma atualidade permanente, envolvimento da equipa, promoção dentro da equipa de uma cultura de prática de cuidados informados pela melhor evidência científica, promoção e assegurar a prática sistemática de notificação, análise e prevenção de incidentes, incutindo o foco principal – SEGURANÇA DO DOENTE / MELHORIA CONTÍNUA DA QUALIDADE E SEGURANÇA DOS CUIDADOS, e nunca como efeito punitivo. na análise dos incidentes/riscos devem ser todos envolvidos, incluindo o doente e até pessoas completamente “estranhas” ao ambiente/contexto da prática de cuidados. Identificar falhas e promover formação. Manter e identificar fluxo de informação constante, para melhorar a eficiência e efetividade dos cuidados e consequentemente a qualidade e segurança.

 

Texto de Sofia Ribeiro

As pressões diárias, a que estamos sujeitos, principalmente em contexto de Pandemia exigem das Organizações respostas adequadas. Os tempos são difíceis e todos os dias novos desafios surgem, deixando-nos muitas vezes com angústia e receio de não corresponder ao esperado.

A motivação e o empenho de Líderes e Liderados, para que seja possível alcançar os objetivos definidos e a satisfação de todos os intervenientes, numa estratégia pertinente para a Segurança e Qualidade dos cuidados potencia a versatilidade dos colaboradores, fazendo a diferença nas Organizações. 

Os Líderes que maior capacidade têm de adaptar o estilo de Liderança face ao contexto organizacional em que estão inseridos, irão responder melhor às exigências, elevando os padrões de Qualidade da Instituição.  

As instituições de Saúde devem criar condições de formação e informação sensibilizando os profissionais para a garantia da Segurança e Qualidade nos seus serviços.

A confiança dos cidadãos no Sistema de Saúde e em particular no SNS, conquista-se oferecendo Segurança e Qualidade nos cuidados prestados. Nestes tempos, a Segurança e Qualidade não é só uma prioridade para os nossos doentes como se torna um enorme desafio, para Nós Profissionais de Saúde!

 

Texto do Grupo de Trabalho de Fisioterapia em Saúde Mental da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas

"Saúde Mental: ultrapassar barreiras para garantir a segurança"

Resultado de uma situação ímpar que vivemos, no contexto de uma pandemia repleta de notícias sensacionalistas e de conteúdo disfarçado, é altura de parar! É tempo de refletir sobre as experiências e o cansaço que a comunidade mais frágil, como a geriátrica, já começa a evidenciar. É da nossa responsabilidade garantir a segurança de contextos muito específicos desta comunidade, por se conhecer o cancelamento de todas as estruturas de suporte a estas pessoas e famílias. E se nestes contextos específicos quisermos apreciar o risco agravado dos idosos com quadros demenciais, o cenário pode ainda ser mais preocupante.

Note-se que estas pessoas dependem de programas de reabilitação contínuos, a longo termo, que englobem as famílias e todos os stakeholders. Conhecedores desta realidade, a Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APFISIO), especificamente o Grupo de Trabalho de Fisioterapia em Saúde Mental, desenvolveu uma sondagem em novembro de 2020 aos fisioterapeutas portugueses a trabalharem nesta área, pedindo que identificassem as barreiras e o impacto da pandemia por SARS-CoV-2 nesta população. Os resultados, do ponto de vista destes profissionais especializados, merecem algum destaque.

As principais barreiras identificadas ao estímulo e reabilitação destas pessoas foram a interrupção abrupta dos processos de reabilitação, a quebra na rotina da pessoa com demência e do cuidador e a alteração severa das interações sociais. Já como principais impactos da pandemia, estes profissionais identificaram o agravamento do estado clínico (incluindo o desenvolvimento de comorbidades) da pessoa com demência, o agravamento do risco de queda e o decréscimo nas oportunidades na prática de atividade física. Na apreciação destes resultados, parece claro que a segurança desta comunidade e das suas famílias está a ser severamente penalizada e algumas ações devem ser já desenvolvidas, prevenindo o agravamento da dependência funcional e da sobrecarga das famílias. É absolutamente necessário reunir equipas multidisciplinares locais que desenvolvam linhas de ação específicas e de proximidade para fazer face a estes desafios. O tempo não espera, pelo contrário, o tempo urge e as medidas a tomar devem ser de caráter urgente!

 

Texto de Alcina Ponte

Começo por dizer que a Segurança do doente corresponde ao princípio, meio e fim de qualquer actividade em saúde. Deve estar sempre presente quando abordo o doente pelo seu nome e verifico que a identificação está correta. Está presente na abordagem diagnóstica e terapêutica tentando encontrar as melhores opções para o doente, nunca esquecendo as suas prioridades, as suas fragilidades e os seus objectivos, cuidando sempre com dignidade, mas tendo em atenção as dimensões existentes sejam físicas, mentais, sociais e até mesmo espirituais.

Está presente em todas as áreas de prestação de cuidados, independentemente da categoria profissional e deve estar interiorizada em cada uma das nossas tarefas, em todos os profissionais garantindo um sistema de saúde com qualidade.

Deve estar presente no ambiente que nos rodeia, nas infraestruturas que utilizamos e sobretudo nos processos que executamos, não esquecendo que os registos são fundamentais para garantir a continuidade de cuidados e cuidados seguros. Não esquecendo também que a Segurança não se esgota no momento da alta mas que devemos garantir que o doente tenha um seguimento adequado. Penso que hoje em dia, não se pode dissociar "Cuidados de Saúde" da "Segurança do Doente".

 

UM DIA SERÁS TU O DOENTE!

#segurancadodoente

11 comentários:

  1. Olá
    Um post que marca uma efeméride.
    Venham daí mais cinco, ou dez, ou vinte anos....
    Que bom foi e é eu ter encontrado este espaço.....tanto tenho aprendido e dado a aprender.
    Obrigado!
    Grande abraço
    Augusto

    ResponderEliminar
  2. Muitos parabéns, Sr. Enf. Fernando Barroso, por este longo e profícuo trabalho! Muito temos a agradecer-lhe! Abraço amigo

    ResponderEliminar
  3. Desde já os meus parabéns pelo Blogger. Vamos cá estar para mais uma década ou mais quem sabe para continuar a fazer o melhor que sabemos fazer que é cuidar do doente... todos juntos...

    ResponderEliminar
  4. Parabéns, excelente trabalho para um bem comum a todos a 'seguranca'.

    ResponderEliminar