Participei recentemente num webinar dirigido a alunos de uma pós-graduação em Gestão de Serviços de Saúde, tendo por base a temática da Segurança do Doente. Para além dos aspetos básicos do papel do Enfermeiro Gestor na garantia da Segurança dos Doentes e dos Profissionais, entendi ser fundamental explorar alguns princípios que um Enfermeiro Gestor deve considerar, quer no momento atual de prestação de cuidados a Doentes COVID, quer ao longo do seu percurso como gestor.
Considero que além das necessárias capacidades de gestão de recursos
humanos e materiais, compete ao
Enfermeiro Gestor contribuir para uma comunicação
efetiva dentro da sua equipa.
Podia ter referido muitos outros aspetos, mas foram estes os
4 princípios para os quais chamei a
atenção:
O Enfermeiro Gestor
deve partilhar o máximo de informação possível;
Apenas com uma partilha adequada do fluxo de informação será
possível fazer crescer nos elementos da equipa um sentimento de inclusão e de
partilha da “verdade” a cada momento.
O momento adequado para partilha a informação também é importante. Isso pode
fazer a diferença entre a angustia ou a motivação.
O Enfermeiro Gestor
deve interpretar os sinais da equipa;
Há momentos no dia-a-dia de uma equipa em que a tensão é tão
evidente como um nevoeiro espeço numa manhã de inverno. Compete ao Enfermeiro
gestor intervir para desanuviar essa tenção. Seja através de um maior apoio
pontual, seja através de palavras de incentivo, mas mais importante, através da
sua presença, empatia e liderança.
Mas também existem momentos em que a equipa (ou algum dos
seus elementos) apenas quer ser deixada em paz. Há que saber discernir.
O Enfermeiro Gestor
deve encontrar válvulas de escape para a pressão:
Considero que nos dias que vivemos, há poucas ferramentas
para um enfermeiro gestor mimar a sua
equipa (e uso a palavra no sentido literal de “tratar com mimo, acarinhar”).
Mas os Enfermeiros estão cansados de falsas promessas, pelo que as opções já
não são muitas. Mas restam algumas:
O enfermeiro gestor tem de fazer uma gestão do horário da sua equipa com justiça e equidade, respeitando
a lei em vigor. Todos os enfermeiros, quando recebem o seu horário de trabalho,
avaliam “aquilo que lhes calhou”, mas também o que foi dado aos outros
colegas. A comparação está sempre presente.
O enfermeiro gestor tem de saber identificar e gerir os conflitos internos da equipa. Tal como
um arbitro num campo de futebol, se não existir uma intervenção adequada, o
jogo pode tornar-se muito feio, e todos ficam a perder.
O enfermeiro gestor tem de conversar para entender; como Enfermeiro Gestor sou bombardeado com informação a todo o momento. Mas como diz o ditado, “quem conta um conto, acrescenta um ponto”. É competência do Enfermeiro Gestor saber ouvir e conversar para entender a posição de todas as partes envolvidas. Nem sempre essa é uma possibilidade real, mas não devemos decidir sem pelo menos tentar obter o máximo de informação possível de todas as partes envolvidas. Só assim seremos justos na decisão.
O Enfermeiro Gestor
deve ser um exemplo, dia após dia.
De pouco serve pedir a alguém que faça aquilo que eu não
estou disposto a fazer.
Se algum elemento da equipa chega frequentemente atrasado à
passagem de turno, mas o Enfermeiro Gestor também lá não está, que mensagem
estamos a transmitir?
Se eu passo o tempo fora do serviço ou no café, que legitimidade
tenho para pedir mais presença e empenho da minha equipa.
O exemplo é a melhor
ferramenta que um Gestor pode usar para formatar a sua equipa para um
desempenho de excelência.
Dificilmente um Enfermeiro Gestor pode ser excelente se a sua
equipa não o acompanhar. Estamos ligados uns aos
outros.
Fernando Barroso
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