"Se os
membros do governo tivessem de observar os doentes com dor talvez eles agissem para
reduzir a falta de pessoal."
Este é um texto construído com base num artigo de Jenni
Middleton, publicado no Nursing Times.
O que é que
te frustrou mais no último turno? O que é que te vai impedir de providenciar o
nível de cuidado que desejarias dar aos teus doentes no próximo turno?
“Recentemente ocorreu um Congresso Anual de Enfermeiros
Directores, em Manchester, durante 2 dias. Este é um evento onde os Enfermeiros Diretores se reúnem para
discutir assuntos chave do momento e encontrar soluções para os desafios
realmente difíceis que eles e as suas equipas têm de enfrentar.”
“Consegues imaginar qual foi o principal tópico de conversa
- em cada uma das sessões individuais do programa independentemente do seu
assunto? É a mesma resposta que tu provavelmente destes às duas primeiras
perguntas colocadas no início deste artigo. A Falta de pessoal.”
“Enquanto se debate a implementação de inúmeros programas de
saúde repletos de acrónimos e jargão técnico aquilo que realmente sabemos é que
nenhum destes programa irá realmente funcionar
se eles não forem implementados pelas equipas de enfermagem.”
“Não restou qualquer dúvida de que todos os enfermeiros directores
que se encontravam no congresso estavam bastante preocupados com a forma como
eles iriam conseguir enfermeiros suficientes para as suas enfermarias e
cuidados de saúde primários.”
“As decisões tomadas
pela tutela relacionadas com os recursos humanos e os seus níveis não são
baseados na evidência nem tão pouco na segurança do doente. Elas são condicionadas
directamente pelo dinheiro disponibilizado e isso toda a gente sabe.”
“Em 2017 ainda se tomam decisões acerca dos recursos humanos
baseados no orçamento decidido pelo ministro das finanças em vez de dar atenção
às necessidades ditadas pela procurar de cuidados pelos doentes.”
“Este assunto não se
trata de chamar atenção sobre uma ou outra profissão. É sobre os cuidados aos
doentes. Se o número de enfermeiros e outros profissionais diminui isso afectará
negativamente os doentes, os seus resultados em saúde e a sua mortalidade.”
“Uma das enfermeiras presentes no congresso falou sobre as
difíceis decisões que tem que tomar enquanto enfermeira directora. Ela afirmou:
“Eu tenho 90 doentes no meu hospital que precisam de ajuda para se alimentar. Eu
nunca tenho 90 enfermeiros em cada turno, portanto como é que eu faço para lhes
entregar a comida a tempo? E o mesmo se passa com a administração de medicação.
O que é que eu faço quando um doente tem de esperar uma hora para receber a sua
medicação analgésica no pós-operatório?”
“Na realidade são os enfermeiros na linha da frente que tem
de fazer face à agonia destas decisões e à agonia dos seus doentes. Mas são as
decisões tomadas por órgãos de gestão que se encontram bem longe dos cuidados que
prejudicam mais os doentes.”
“Talvez se fossem o Primeiro-Ministro,
o Ministro das Finanças ou o Ministro da Saúde a administrar estas drogas fora
de tempo, olhando para os doentes que estão à espera em camas molhadas porque
não há tempo para mudar os lençóis e encarar os doentes com dor desnecessária,
talvez assim eles considerassem olhar para os recursos humanos na saúde como
uma prioridade.”
Como referi no inicio, o texto anterior é uma tradução de grande parte do artigo
original. Mas a verdade que este artigo (do Reino Unido) contém não é muito
diferente daquilo que se passa em Portugal.
E a Segurança do Doente. Como fica?
Fernando Fausto M. Barroso
Olá
ResponderEliminarTemo que não baste ao ministro ser «prestador de Cuidados». Creio que a sua atitude só mudará quando passar por uma cama de um desses hospitais.
Já agora, cada vez mais as reuniões para discutir Cuidados de Saúde, para além de representantes das diferentes profissões da Área da Saúde, deverá contar também com representantes dos doentes...o alvo principal desses Cuidados.
Cumprs
Augusto