Como manusear roupa contaminada? Esta foi a questão colocada por uma leitora do Blog (Obrigado Jesiane Rosa).
A roupa, se contaminada, constitui um risco para a segurança do doente. Para responder, não resisti a fazer este artigo, recorrendo a duas publicações cujos link’s originais estão incluídos no texto.
A roupa, se contaminada, constitui um risco para a segurança do doente. Para responder, não resisti a fazer este artigo, recorrendo a duas publicações cujos link’s originais estão incluídos no texto.
Partilho ainda um vídeo no final, muito interessante, dirigido a profissionais das lavandarias, mas que também aborda todo o ciclo da roupa, desde o momento em que é retirada do doente até à sua chegada, selecção e encaminhamento para lavagem.
Recomendações para a remoção de roupa contaminada do doente?
- Devem ser respeitadas as precauções universais na prevenção da transmissão da infecção
- O profissional de saúde deve usar o equipamento de protecção individual (EPI) adequado, e tendo em consideração as características do doente.
- Deve estar disponível o mais perto possível do local de prestação de cuidados ao doente, um saco adequado para colocação imediata da roupa suja/contamina.
- A roupa deve ser removida com a menor agitação possível, da cabeceira para os pés da cama, enrolando a roupa numa “trouxa” que deve ser de imediato colocada num saco para o efeito, evitando ao máximo que a roupa toque na farda/bata do profissional ou no exterior do saco.
- Ao retirar a roupa, ter o cuidado de verificar se não é arrastado algum objecto pertencente ao doente, equipamento hospitalar ou dispositivo corto-perfurante.
- O saco deve ser fechado e retirado do quarto o mais rapidamente possível e colocado em contentor apropriado.
- Higienizar as mãos no final da actividade (a roupa hospitalar contaminada é um veiculo de contaminação cruzada de microorganismos)
- Todos os profissionais devem receber formação adequada para a realização desta actividade.
Da pesquisa efectuada e complementando o que já foi escrito, saliento ainda as seguintes recomendações:
A Occupational Safety & Health Administration (OSHA) define Roupa Contaminada como “roupa suja com sangue ou outro material potencialmente infeccioso ou que pode conter objectos corto-perfurantes”.
O manuseamento deste tipo de roupa representa um perigo potencial, uma vez que existe o risco de “exposição ao sangue ou outros materiais potencialmente infecciosos através de roupa contaminada que foi mal rotulada ou manipulada.
OSHA recomenda as seguintes boas práticas no manuseamento da roupa contaminada:
- Manusear a roupa contaminada o mínimo possível com agitação mínima.
- Ensacar a roupa contaminada no local onde foi usada. Não “classificar” nem enxaguar a roupa no local onde foi usada.
- Colocar a roupa molhada e contaminada em recipientes estanques, com código de cores ou rotulados, no local onde foi usada.
- Sempre que a roupa contaminada estiver molhada e apresentar uma probabilidade razoável de impregnação ou de derrame de liquido do saco ou recipiente, a roupa deve ser colocada e transportada em sacos ou recipientes que impeçam os fluidos de se impregnarem e/ou verterem para o exterior.
- A roupa contaminada deve ser colocada e transportada em sacos ou recipientes rotulados com o símbolo de risco biológico ou colocados em sacos vermelhos (ou de acordo com a legislação local aplicável).
- A título de exemplo, na instituição onde trabalho, a roupa “suja” é colocada em sacos plásticos transparentes, e a roupa “contaminada ou suspeita de contaminação” é colocada em sacos plásticos vermelhos transparentes
- Os sacos de roupa contaminada não devem ser mantidos perto do corpo ou espremidos durante o transporte para evitar picadas ou cortes de objectos descartados indevidamente.
- Os ciclos normais de lavagem devem ser usados de acordo com as recomendações do fabricante da máquina de lavar e do detergente utilizado.
O CDC, no seu documento Guidelines for Environmental Infection Control in Health-Care Facilities – (páginas 138 a 140); disponível em http://www.cdc.gov/hicpac/pdf/guidelines/eic_in_HCF_03.pdf#page=153 recomenda:
Recomendações - Lavandaria e roupa de cama
I. Manuseamento de rotina de roupa contaminada
A. Manuseie qualquer roupa contaminada com agitação mínima para evitar a contaminação do ar, superfícies e pessoas.
B. Embalar ou conter a roupa contaminada no ponto de uso/origem.
1. Não classificar ou enxaguar têxteis ou tecidos contaminados em áreas de atendimento ao doente.
2. Use contentores/sacos resistentes a vazamentos para roupa contaminadas com sangue ou outras substâncias corporais.
3. Identificar os sacos ou recipientes para roupa contaminada com rótulos, codificação por cores ou outros meios alternativos de comunicação, conforme apropriado.
C. Não são necessárias tampas em contentores para roupa contaminada nas áreas de cuidado ao doente.
D. Se forem utilizadas rampas/condutas de roupa, certifique-se de que elas são devidamente projectadas, mantidas e usadas de forma a minimizar a dispersão de aerossóis da roupa contaminada.
1. Certifique-se de que os sacos de roupa estão fechados antes de colocar o saco cheio na rampa/conduta.
2. Não coloque itens soltos na rampa/conduta.
E. Estabelecer uma política para determinar quando é que a roupa deve ser classificada na lavandaria (isto é, antes ou depois da lavagem).
II. Processo de Lavagem
A. Se forem usados ciclos de lavagem com água quente, utilize um detergente em água com uma temperatura ≥ 71°C, durante pelo menos 25 minutos.
B. Não existe nenhuma recomendação no que diz respeito a um ajuste de temperatura da água quente e duração do ciclo para itens lavados em instalações de saúde de estilo residencial. Problema não resolvido
C. Siga as instruções de lavagem e os requisitos especiais de branqueamento dos tecidos.
D. Escolha produtos químicos adequados para as lavagens a baixa temperatura com uma concentração de utilização adequada, se forem utilizados ciclos de lavagem de baixa temperatura (<71 o:p="">71>
E. Embalar, transportar e armazenar a roupa limpa por métodos que assegurem a sua limpeza e protecção do pó e sujidade durante o carregamento, transporte e descarga na instituição/serviço de destino.
III. Controlo Microbiológico da Roupa
A. Não realizar controlo microbiológico de rotina da roupa limpa.
B. Usar controlo microbiológico durante investigações de surtos se existir evidências epidemiológicas que sugiram um papel activo da roupa e vestuário de saúde na transmissão de doenças.
IV. Colchões e almofadas
A. Mantenha os colchões secos; Descarte-os se ficarem e permanecerem molhados ou manchados, particularmente em unidades de queimados.
B. Limpar e desinfectar as coberturas do colchão utilizando desinfectantes recomendados (…), que sejam compatíveis com os materiais da cobertura para evitar o desenvolvimento de rasgos, fissuras ou furos na cobertura do colchão.
C. Manter a integridade da cobertura do colchão e das almofadas.
1. Substitua as coberturas do colchão e das almofadas se estas ficarem rasgadas ou por qualquer outra razão necessitem de reparação.
2. Não espete agulhas no colchão/almofadas.
D. Limpe e desinfecte as coberturas de colchão entre os doentes, utilizando um produto adequado.
E. Se for utilizada uma cobertura de colchão completamente feita de tecido, mude e lave estas coberturas entre os doentes.
F. Lavar as fronhas e os almofadas num ciclo de água quente entre os doentes ou quando eles ficam contaminados com substâncias corporais.
fonte: CDC - Guidelines for Environmental Infection Control in Health-Care Facilities
O vídeo seguinte é dirigido a profissionais das lavandarias, mas aborda também todo o ciclo da roupa, desde o momento em que esta é retirada do doente até à sua chegada, selecção e encaminhamento para lavagem na lavandaria.
Que outras recomendações gostarias de sugerir?
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Obrigado
Fernando Barroso
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