Segurança do Doente
Aprender, Partilhar, Informar
domingo, 15 de dezembro de 2024
domingo, 8 de dezembro de 2024
Chefias Vs Chefiados
Se apenas trabalhamos para nós próprios, sem atender ao bem comum, não vamos longe.
A ideia não é nova claro, os mais antigos filósofos debruçaram-se sobre este tema.
Não faz sentido produzir, criar apenas para nos próprios.
Somos seres de comunidade, de partilha. Apenas alcançámos o desenvolvimento atual fruto de um esforço comum, de partilha, de investimento naquilo que pode beneficiar o "todo" e não apenas a "nossa" parte.
É por isso que a empatia é tão importante e necessária a orientar o nosso dia-a-dia. É através da empatia que encontramos verdadeiramente o outro e o compreendemos, e isto seja em que direção for.
Fico sempre incomodado com os artigos que colocam esta responsabilidade apenas num dos lados da interação. "Chefias Vs Chefiados" é algo que é sempre apresentado como uma luta. Não entendo que deva ser assim.
Acredito sim que todos podem e devem contribuir com os seus saberes e capacidades. Todos (entenda-se chefias e chefiados) tem muito a aprender uns com os outros. E só assim, apenas desta forma, poderão verdadeiramente crescer.
Apontar o dedo, impor, "Eu contra todos", o certo sou Eu, Ele(s) está(ão) contra mim.
Estas são formas cegas de ver o mundo que nos rodeia. Elimina a nossa responsabilidade individual de aproximação, de reconhecimento das nossas próprias fragilidades, da nossa incapacidade de crescimento.
- São os outros que tem de mudar. Não sou Eu!
Esta atitude é redutora, incapaz de criar crescimento e promover a (inevitável) mudança.
Nada ocorre sem mudança, e no entanto, ficamos agarrados ao passado, como se isso fosse verdadeiramente uma possibilidade. Não é.
E ao mesmo tempo, queremos mudar tudo.
Mais dinheiro (todos o queremos). Menos Trabalho. Mais tempo livre (para fazer o quê?).
E queremos tudo para nós próprios, para os "nossos". Os outros? isso logo se vê.
É assim em todo o lado. Mas assim não vamos lá.
UM DIA SERÁS TU O DOENTE!
#umdiaserastuodoente
Fernando Barroso
https://fernandobarroso.gumroad.com/
domingo, 1 de dezembro de 2024
O “Mobbing” como estratégia dos fracos
“Se não puderes fazer o bem,
pelo menos não faças mal.
Fazer o mal é fazeres mal e ti mesmo.
Cometeres uma injustiça é fazeres a ti mesmo
uma injustiça.
Degrada-te a ti.”
Marco Aurélio
“O bem que fazemos em vida é facilmente esquecido.
Mas o mal que fazemos perdura para sempre.”
William Shakespeare
“Se alcançares algo bom com o teu trabalho árduo,
o trabalho passa rápido, mas o bem permanece.
Se fizeres algo vergonhoso em busca do prazer,
o prazer passa rápido, mas a vergonha
permanece.”
Musónio Rufo
“O que prejudica a colmeia, também prejudica a abelha."
6.54, Meditações, Marco Aurélio
Na passada semana tomei conhecimento do que entendo ser uma
ação de mobbing
no local de trabalho, entre profissionais do meu serviço.
Feito de forma dissimulada e mesquinha, como muitas vezes
estas coisas são, apenas identifiquei a “vitima” a quem dou e darei sempre o
meu apoio.
Quanto ao(s) perpetrado(res), que não identifiquei, resta-me
estar atento, vigilante e preparado.
Num serviço à minha responsabilidade esse tipo de atitudes
não será, nunca, tolerado. E haverá consequências.
"O assédio laboral, ou mobbing, é uma violação dos direitos humanos e uma forma de discriminação. Envolve comportamentos repetitivos, que visam humilhar e intimidar pessoas trabalhadoras, criando um ambiente de trabalho hostil. Esta prática afeta negativamente a saúde das vítimas e a produtividade das organizações." Fonte: https://www.spms.min-saude.pt/2024/07/assedio-laboral-combater-e-prevenir/
UM DIA SERÁS TU O DOENTE!
#umdiaserastuodoente
Fernando Barroso
https://fernandobarroso.gumroad.com/
quarta-feira, 25 de setembro de 2024
Se a AUDITORIA é uma FARSA, então não faças!
Em conversa informal com uma formanda do curso de auditoria
clínica, ela comentou:
- Quando se faz auditoria à higiene das mãos, os
profissionais ainda gozam e fazem um teatro a cumprirem as boas práticas.
Quando ninguém está a auditar, muitos deixam de higienizar as mãos
Este tipo de atitude é revelador do nível de cultura de
segurança do doente deste serviço.
As boas práticas existem suportadas em saber científico e na
melhor evidência e prática clínica.
Saber como se deve proceder e não o fazer é um ato
negligente, que coloca em risco o doente.
Não basta fazer bem algumas vezes. Temos de fazer bem sempre.
Para ultrapassar esta dificuldade há que encontrar outras
formas de auditar, menos exuberantes, para conseguir recolher evidências da
realidade, e com os seus resultados consciencializar os profissionais.
Também não devemos esquecer a necessidade de uma maior
intervenção do superior hierárquico, que detém responsabilidades específicas na
defesa e garantia da segurança do doente, sempre que isso se revelar necessário.
Não basta defender uma cultura de segurança também
temos de implementar uma cultura justa. Saber elogiar quem cumpre e
penalizar quem simplesmente “não quer saber”.
Se a AUDITORIA é uma FARSA, então não faças!
UM DIA SERÁS TU O DOENTE!
#umdiaserastuodoente
Fernando Barroso
https://fernandobarroso.gumroad.com/
domingo, 22 de setembro de 2024
Alerta - Relato difícil da perda de um filho (ou a Insensibilidade de alguns Profissionais de Saúde)
Antes de mais: a minha profunda gratidão a todos os
profissionais de saúde que cuidam dos seus doentes com eficiência, vocação,
rigor e…empatia.
O título deste artigo prende-se precisamente pela, cada vez
maior, escassez desta última característica.
Todos os dias somos bombardeados com várias notícias que nos
fazem constatar o óbvio: os serviços de saúde em Portugal estão
sobrecarregados. São listas de espera intermináveis, urgências a fechar, falta
de recursos humanos. O sistema — por motivos variados — não funciona tão bem
quanto devia.
As consequências são várias, mas um episódio recente fez-me
“regressar ao passado” e voltar a lidar com um em particular: a total falta de
empatia com os doentes.
Sim, é verdade que são milhares os doentes que passam por
cada unidade de saúde diariamente. Cada um com os seus males e maleitas. E se
essa maleita parece gravíssima ao doente, é “só mais uma” para quem o atende.
Segundo o Relatório de Saúde STADA 2023, que entrevistou
2.000 pessoas em Portugal, 74% da população portuguesa estava satisfeita com o
serviço nacional de saúde em 2021. Este valor baixou para 53% em 2023. A
tendência é continuar a descer.
Não farei distinção entre o serviço privado e o público
pois, a meu ver, a linha que os separa é cada vez mais ténue.
Bem, vamos ao tal episódio. Uma história banal: uma amiga de
longa data, nos seus 40 anos, decide que quer engravidar. Marca uma consulta
para ver se está tudo bem com ela e com o seu companheiro.
O que não é banal nesta história: esta amiga já perdeu uma
filha com uma doença genética raríssima. A mãe tem, portanto, este gene e, para
saber se pode avançar ou não com uma gravidez, precisa de saber se o seu
companheiro, que nunca teve filhos, também o é.
Feitos os exames (caros, por sinal), têm agora que aguardar
5 semanas pelos resultados. Findas as 5 semanas, não há resultados. A ansiedade
começa a instalar-se. O laboratório ainda não os tem e ao telefone é dito que
“não sei porque não temos os resultados. Conte com eles só daqui a 10
dias”. Respiremos fundo. Atrasos acontecem.
Um breve resumo: foi feito o primeiro estudo genético e,
devido aos resultados, a médica – sem informar a doente — pediu um segundo
estudo. Ao telefone, ao perceberem a ansiedade da minha amiga com esta
situação, alguém fez questão de dar a seguinte informação: “Foi mesmo
necessário este segundo estudo. A médica depois explica…e vocês enquanto casal
terão que tomar uma decisão”.
Calma, vamos com calma. Uma decisão? Que decisão? Que diz
nesse estudo que os fará, enquanto casal, terem que tomar uma decisão?!
Não há respostas do outro lado, mas há nesta doente — que é
uma mãe que já perdeu uma filha — um reviver do passado e um desespero que se
instala. Será possível que terá que passar por esta situação novamente?
Em março de 2022, era eu a futura mãe em desespero. Ao fim
de uma hora numa consulta de ecografia, sem o médico proferir uma palavra, é me
dito que não está tudo bem e devo entregar com urgência o relatório da
ecografia ao meu médico de família.
No mesmo momento, dirijo-me ao centro de saúde. O médico
respondeu-me que, pelo que ele viu, estava tudo bem e era um manifesto exagero
de quem tinha feito a ecografia. Só para não haver nenhum problema, iria
pedir-me uma consulta para a Maternidade Alfredo da Costa.
Poderia dizer que senti alívio nesse momento, mas não é
verdade. As dúvidas e a ansiedade de uma mãe de primeira viagem instalaram-se.
Saí do centro de saúde e dirigi-me ao Hospital da Luz para fazer uma nova
ecografia.
Expliquei a situação à médica e mostrei-lhe o relatório do
seu colega. Vamos a nova ecografia. Demorou menos de 5 minutos para que esta
médica confirmar que havia um problema. A bebé que carregava, tão amada e
desejada, era incompatível com a vida.
Mas há menos de 2 horas atrás o médico de família tinha-me
dito que estava tudo bem…
Várias voltas dadas, acabei com uma amniocentese marcada
para daí a dois dias no hospital de Loures. Uma amniocentese é um exame algo
arriscado, mas comum. Preparei-me para o mesmo com alguma descontração.
Dois dias depois, lá estávamos eu e o meu marido, no
gabinete médico para o exame. O médico começa a descrever o procedimento e diz
algo como “como sabem a bebé tem um problema e o feticídio funciona da seguinte
forma…”.
Lembro-me de cruzar, incrédula, os olhos com o meu marido.
De que estava o médico a falar? Eu ia apenas fazer uma amniocentese.
O médico, ao ver as nossas caras apercebe-se da situação e
pergunta se não nos foi dito o que iríamos fazer. A nossa resposta foi que não.
Não foi para aquilo que nos preparamos.
Em 48 horas tivemos a informação de que estava tudo bem com
a nossa filha, de que afinal não estava e agora que faríamos um feticídio sem
qualquer aviso ou preparação para tal. O meu marido pediu de imediato que eu
recebesse apoio psicológico naquele momento. O médico respondeu que poderia
solicitar, se ele considerava importante. Haveria dúvidas de que era
importante?
Foi feito o que tinha que ser feito. Daí a dois dias fiz o
parto desta bebé. Sozinha num quarto de hospital. Sim, sozinha. Sem
enfermeiros, nem médicos pois estavam ocupados noutros quartos.
Comigo, com a bebé sem vida nos braços, uma enfermeira
entrou disparada no quarto, tirou-ma e chamou uma colega que me deu uns papéis
de autópsia para assinar.
Doei o corpo da menina à ciência. Já a empatia… ninguém pode
doar.
O Texto é da autoria de Mónica Fernandes
(No texto original, a palavra “paciente” foi substituída por “doente” para respeitar a Classificação Internacional para a Segurança Dos Doentes, e o espírito deste Blog)
sábado, 21 de setembro de 2024
Sugestão - Curso Europeu sobre Segundas Vítimas (em Português)
sexta-feira, 20 de setembro de 2024
Video OMS - Dia Mundial Segurança Do Doente - Improving diagnosis for patient safety: Get it right, make it safe!
Um diagnóstico identifica o problema de saúde de um doente. Para chegar a um diagnóstico, os doentes e as suas equipas de cuidados de saúde têm de trabalhar em conjunto para percorrer o complexo e por vezes moroso processo de diagnóstico.
Um diagnóstico tardio, incorreto, falhado ou mal comunicado pode prolongar a doença e, por vezes, causar incapacidade ou mesmo a morte.
Juntos, todos nós temos um papel
a desempenhar na melhoria do diagnóstico para a segurança dos doentes.
O tema do Dia Mundial da Segurança do Doente de 2024 centra-se na melhoria do diagnóstico para a segurança do doente, utilizando o
slogan “Get it right, make it safe!”.
Mais informações sobre a campanha: https://www.who.int/campaigns/world-patient-safety-day/world-patient-safety-day-2024
quinta-feira, 19 de setembro de 2024
Dia Mundial da Segurança do Doente 2024 - Vídeo da DGS
A Direção-Geral da Saúde celebra o Dia Mundial da Segurança do Doente 2024 com o lançamento de um vídeo, com o mote “Segurança do Doente: Por Todos, Para Todos, Em Todos os Momentos”.
Esta iniciativa visa sublinhar a importância da colaboração de todos para aumentar a qualidade e a segurança na prestação de cuidados saúde, em todos os contextos: desde cuidados hospitalares, domiciliários e telessaúde, e em todas as fases do ciclo de vida.
quarta-feira, 18 de setembro de 2024
22º Curso Auditoria Clínica para Profissionais de Saúde
terça-feira, 17 de setembro de 2024
Feliz Dia Mundial Segurança Do Doente - 2024
A 17 de setembro comemoramos o
Dia Mundial Da Segurança Do Doente
Este ano, 2024, a OMS propõe o tema
“Melhorar o diagnóstico para a
segurança do doente”
Este pode parecer um tema restrito apenas
a um grupo profissional, mas não é assim.
Como é óbvio um diagnóstico médico
correto é fundamental para o doente.
Mas a verdade é que todos os
profissionais de saúde fazem o seu diagnóstico de doente.
Todos os profissionais avaliam as limitações,
necessidades e o conhecimento do doente a cada momento
É com base nesse diagnóstico que são
definidas as atividades a realizar com esse doente, as suas reais limitações e
necessidades especificas.
Eu sou o Fernando Barroso e quero
desejar-te um
Feliz Dia Mundial da Segurança do Doente
UM DIA SERÁS TU O DOENTE!
#umdiaserastuodoente
Fernando Barroso
https://fernandobarroso.gumroad.com/
domingo, 15 de setembro de 2024
Entrevista Para Ficar Vs Entrevista De Saída
É muito importante
ficar a conhecer os motivos pelos quais um Trabalhador resolve abandonar
o seu local de trabalho (Instituição/ Serviço/ Unidade/ Empresa). Algumas empresas
aplicam a esses trabalhadores uma "entrevista de saída" para tentarem
aprender aquilo que pode ter corrido mal.
Ouvi num podcast
do THE ONE THING o entrevistado Brian
Gottlieb a falar num conceito diferente e muito interessante. Em vez de
realizar uma entrevista de saída quando o trabalhador vai embora, realizar antes
uma entrevista para ficar, quando o trabalhador ainda está na empresa.
A ideia é recolher
informação que permita proporcionar um melhor ambiente de trabalho para que
o trabalhador queira continuar a trabalhar na empresa (aumentar a retenção)
e ao mesmo tempo perceber o que pode ser melhorado (na empresa e nos seus
responsáveis)
O Brian apontou
4 perguntas muito interessantes e eu achei que era importante partilhar estas
perguntas contigo. Inclusivamente gostava de as colocar também à minha própria equipa
(e acho que irei fazê-lo).
As 4 perguntas
são as seguintes
1 – O que é que
te faz vir trabalhar todos os dias?
2 - O que é que
um dia pode quer fazer-te ir embora?
3 – Onde é que
achas que a Instituição/Serviço está a fazer alguma coisa errada?
4 – O que é que
tu precisas do teu Líder que não está a obter hoje?
Vou lançar-te um desafio.
Se quiseres e de forma completamente anónima podes responder a estas perguntas no formulário a seguir.
Link para o formulário da ENTREVISTA PARA FICAR
Será realizada uma análise qualitativa e os dados agregados posteriormente divulgados no blog "Segurança do Doente" durante o mês de novembro de 2024
Conhecer o que motiva os trabalhadores a desenvolver um bom trabalho, quais são as suas necessidades e preocupações, são fatores muito importantes para a promoção de um ambiente de trabalho saudável e promotor da Segurança Do Doente.
UM DIA SERÁS TU O DOENTE!
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Fernando Barroso
https://fernandobarroso.gumroad.com/
segunda-feira, 9 de setembro de 2024
domingo, 1 de setembro de 2024
Setembro - Mês da Segurança do Doente
Setembro, mês da SEGURANÇA DO DOENTE
A 17 de setembro iremos celebrar o DIA MUNDIAL PARA A SEGURANÇA DO DOENTE sobre o tema “Melhorar o diagnóstico para a segurança do doente”
A OMS refere que um diagnóstico identifica o problema de saúde de um doente. Para chegar a um diagnóstico, os doentes e as suas equipas de cuidados de saúde têm de trabalhar em conjunto para percorrer o complexo e por vezes moroso processo de diagnóstico. Este processo envolve discussões com o doente, exames, testes e análise dos resultados antes de se chegar ao diagnóstico final e ao tratamento. Os erros podem ocorrer em qualquer fase e podem ter consequências significativas. Um diagnóstico tardio, incorreto ou falhado pode prolongar a doença e, por vezes, causar incapacidade ou mesmo a morte.
O tema do Dia Mundial da Segurança dos Doentes deste ano (2024) centra-se na melhoria do diagnóstico para a segurança dos doentes, utilizando o slogan “Faça-o corretamente, torne-o seguro!”. Neste dia, os doentes e as suas famílias, os profissionais de saúde, os dirigentes dos cuidados de saúde, os decisores políticos e a sociedade civil salientarão o papel fundamental de um diagnóstico correto e atempado na melhoria da segurança dos doentes.
quinta-feira, 29 de agosto de 2024
Regras para a Identificação Inequívoca do Corpo do Doente após a morte
A Identificação Inequívoca do Doente é uma das estratégias incluídas no Plano Nacional Para a Segurança dos Doentes 2021-2026.
Uma correta identificação do doente é fundamental (e imprescindível), desde o momento da admissão num serviço de saúde, durante a prestação de cuidados de saúde e também, no fim de vida.
Não tenho conhecimento de quais os fatores contribuintes que levaram à ocorrência do incidente noticiado no jornal "Correio da Manhã" do dia 29/08/2024, mas é muito fácil perceber que, para a Família da "idosa", o impacto terá sido devastador. Uma dupla perda.
Não importa apontar culpados.
Importa sim investigar para perceber o que aconteceu e como, com o objetivo de aprender com o erro e implementar as medidas corretivas necessárias para que este incidente não volte a acontecer.
O conhecimento existe:
- Após o óbito, deve ser confirmada a identificação da pessoa antes da emissão do certificado de óbito;
- A equipa de enfermagem deve preparar o corpo para envio à morgue, confirmando a identificação da pessoa.
- Caso ocorram mais do que um óbito em simultâneo no serviço (não é difícil de acontecer), nunca se devem preparar as etiquetas de identificação dos corpos em simultâneo.
- Na preparação do corpo, deve ser sempre colocada uma etiqueta com a sua identificação junto ao corpo, e uma nova etiqueta no exterior (do lençol ou saco utilizado).
- Não deve ser removida a pulseira de identificação que a pessoa tinha colocada no momento do óbito, e caso a mesma não esteja legível, esta deve ser substituída por outra pulseira nova com a identificação legível.
- Na morgue, o pessoal só deve remover a pulseira de identificação do corpo, depois de todos os procedimentos necessários, e no momento da entrega do corpo à Família/Agencia Funerária.
- No momento da entrega do corpo, deve ser realizada um dupla verificação da identificação do corpo, entre os documentos legais exigidos e a identificação do corpo. Este é um passo critico, e normalmente onde a falha ocorre.
- Não se deve permitir que Agencias diferentes (e por vezes a mesma agencia) façam o levantamento do corpo de mais do que uma pessoa em simultâneo (dessa forma aumenta o risco de troca).
UM DIA SERÁS TU O DOENTE!
#umdiaserastuodoente
Fernando Barroso
https://fernandobarroso.gumroad.com/
quinta-feira, 15 de agosto de 2024
Incidente de Segurança do Doente - Falha na Identificação inequívoca do Doente
Clique na imagem para ver a reportagem (São 3m33s) |
Mais um exemplo de um incidente de segurança do doente relacionado com a Identificação Inequívoca do Doente, que vem uma vez mais provar (com aparente dano irreversível para o doente) que a simples prática segura de confirmar a correta identificação do doente continua a falhar no nosso sistema de saúde.
É urgente consciencializar para este tema, uma e outra vez.
O Plano Nacional para a Segurança Dos Doentes 2021-2026 alerta, no seu Pilar 5. Práticas Seguras em Ambientes Seguros, para a necessidade de uma correta "Identificação Inequívoca do Doente"
Nos serviços prestadores de cuidados de saúde, a identidade dos doentes deve ser sempre confirmada através de dados fidedignos, como é o caso do nome, da data de nascimento e do número único de processo clínico na instituição, sendo prática segura o recurso a, pelo menos, dois destes dados.
O número do quarto ou da cama de um doente internado não pode ser considerado um dado de identificação fidedigno.
A identificação inequívoca do doente deve, sempre, ocorrer antes de qualquer intervenção, quer ela diga respeito ao diagnóstico, ao tratamento ou à prestação de serviços de apoio.
Deve ocorrer, por exemplo, antes:
- Da alta ou transferência interna ou entre instituições,
- da realização de exames radiológicos,
- da administração de medicamentos, sangue ou componentes do sangue,
- antes da colheita de sangue ou de outros espécimes para análise,
- antes de tratamentos oncológicos ou de qualquer ato cirúrgico,
- bem como antes da prestação de um serviço de apoio, como é o caso de servir uma refeição.
Quando a instituição prestadora de cuidados de saúde utiliza a pulseira como meio de identificação do doente, esta deve ser consultada antes de qualquer procedimento, sendo necessário que haja uma validação dos dados do doente aí inscritos antes da sua colocação.
Por exemplo, deve perguntar-se:
- Qual o seu nome completo?
- Qual a sua data de nascimento?
O incidente relatado nesta reportagem da RTP de 15 de agosto de 2024 vem uma vez mais demonstrar que é absolutamente necessário continuar a dar formação aos profissionais e auditar esta prática segura para segurança do doente.
Este é um dos temas do Curso "Segurança do Doente" da ESCOLA DE SEGURANÇA DO DOENTE.
UM DIA SERÁS TU O DOENTE!
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Fernando Barroso
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