quinta-feira, 29 de maio de 2014

A Observação como ferramenta de Segurança do Doente

Estamos habituados a executar o nosso trabalho de uma determinada forma. Possuímos procedimentos e normas de orientação pensados para responder "a todas as situações".
Mas funcionam corretamente?

A verdade é que muitas vezes não sabemos responder a esta questão.
Auditar é uma ferramenta válida, mas ao fazê-lo necessitamos de conhecer antecipadamente qual é o padrão de comparação e possuir uma ferramenta de registo válida (uma checklist de auditoria por exemplo).

Mas existe outra ferramenta. A observação não estruturada.
Observar os cuidados, enquanto elemento externo e não interventivo, constitui uma fonte de informação que é sobrestimada.
Observar de forma critica a prática de cuidados permite identificar falhas latentes do sistema de trabalho. Acompanhar o percurso do doente permite observar os momentos de transição (passagem de informação) tão críticos para a qualidade dos cuidados.

Quais as vantagens e princípios básicos a respeitar numa observação?
    Obter autorização prévia dos responsáveis no Serviço.
    Reservar tempo suficiente à tarefa. Em 15 minutos as oportunidades são certamente poucas.
    Devemos conhecer e compreender bem os cuidados que estamos a observar para podermos ser críticos da ação.
    Quem observa deve ser um elemento “neutro” para a equipa (nem superior nem subordinado).
    Devemos registar livremente e sem interferir tudo o que está a ser executado, como está a ser executado, e quais as oportunidades de melhoria identificadas.
    Devemos respeitar a confidencialidade de todos os envolvidos (profissionais e doentes).
    Devemos elaborar um relatório com as observações efetuadas, sugerindo medidas corretivas.
    Devemos disponibilizar explicações adicionais sobre o relatório se solicitado.

O desafio maior recairá depois na utilização da informação.

O objetivo é melhorar sem recriminar.
Fernando Fausto M. Barroso

domingo, 11 de maio de 2014

17 Coisas Que Cada Enfermeiro/a Devia Vivenciar

(Texto original de Katie Morales - Apr 21, 2014; Adaptado por Fernando Barroso)

Na minha opinião, existem 17 coisas que cada enfermeiro/a deve vivenciar num ponto ou noutro da sua carreira.

No entanto, nem todas as experiências são positivas. Algumas são edificantes, algumas são assustadoras, e algumas são trágicas.

No entanto, todas vão ajudar a moldá-lo(a) para que se transforme no(a) melhor enfermeiro(a) que você pode ser.
  1. A honra de estar presente quando um doente tem sua primeira respiração ou seu último suspiro.
  2. A alegria de ter um doente a solicitar que seja você o seu enfermeiro(a).
  3. A agonia de ter um doente a solicitar outro(a) enfermeiro(a).
  4. O horror quando você percebe que cometeu um erro ou omissão.
  5. A emoção de ser um defensor do doente quando você desafia uma ordem insegura.
  6. A coragem de se recusar a executar uma ordem insegura.
  7. A alegria de ver um "doente sem esperança" a receber alta e a andar de forma independente.
  8. Ser um herói quando você denunciar suspeitas de negligência/abuso.
  9. Sentir admiração quando você presencia uma família a honrar o seu ente querido, expressando a sua vontade de que ele seja um doador de órgãos.
  10. Ser um herói ao salvar o dia aceitando um turno extra de um colega de trabalho em necessidade.
  11. Sacrificar-se ao doar o seu tempo pessoal, dinheiro ou esforço a um colega de trabalho ou um doente em necessidade.
  12. A gratificação de receber uma nota escrita de um doente agradecido.
  13. O medo e a realização de executar suporte imediato de vida (SIV) que salvam vidas fora do hospital enquanto está como “civil”.
  14. O dom de salvar uma vida.
  15. Experimentar o papel de ser você o doente.
  16. Estar no lugar certo na hora certa com a palavra ou ação correta.
  17. “Dar de volta” através de tutoria à próxima geração de enfermeiros(as).


E para si? Que outras experiências não podem faltar?

terça-feira, 6 de maio de 2014

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Incidentes de Segurança do Doente. Porquê Relatar?

Na última década, verificou-se uma preocupação crescente dos profissionais e instituições de saúde, pelas questões associadas à segurança dos doentes e vários estudos revelaram ao mundo que nos hospitais os incidentes associados aos cuidados de saúde são frequentes. O relatório “To Err is Human” reforçou a evidência de que ocorriam cerca de dez eventos adversos, em cada 100 episódios de internamento e que 50% destes, poderiam ter sido evitados. Em Portugal um estudo epidemiológico sobre eventos adversos em contexto hospitalar levado a cabo pela Escola Nacional de Saúde Pública, evidenciou em 2010 uma taxa de incidência de 11,1%.

Torna-se evidente a necessidade de uma intervenção global nas questões da segurança do doente, pelo que, a organização Mundial de Saúde lançou vários desafios, sendo um deles a criação e implementação de Sistemas de Relatos de Incidentes nas organizações de saúde. A principal finalidade destes sistemas é a partilha e aprendizagem com os erros de forma a encontrar soluções para a sua prevenção.

Este artigo tem como objetivo apresentar a experiência do Centro Hospitalar de Lisboa Central na implementação de um sistema de relato de incidentes de segurança do doente ao longo de treze anos.
Pode aceder ao artigo aqui: http://repositorio.chlc.min-saude.pt/handle/10400.17/1662


AutoresSusana Ramos e Lurdes Trindade
Contato: susana.ramos@chlc.min-saude.pt; mlurdes.trindade@hsmarta.min-saude.pt