Há coisas que parecem não estar ligadas, mas quando falamos de comunicação percebemos que as ligações existem e que a segurança do doente pode ser colocada em causa.
1 Caso
Por estes dias foi atendido na consulta um
doente sírio. Uma criança acompanhada pelo seu pai. Estas pessoas apenas falam
árabe. Uma família Síria, refugiada em Portugal, que só fala a sua língua de
origem, e que tem um filho com um problema de saúde complexo.
Como profissionais de saúde temos a
obrigação de fazer um esforço acrescido para compreender estas situações
particulares.
De nada serve entrar em conflito, falar em português de forma acelerada, gesticular. É tudo o que não se deve fazer.
Pelo contrário, com calma, utilizando um tradutor online, frases curtas, e empatia, foi possível ultrapassar o desentendimento e programar uma nova consulta para decisão terapêutica. Até lá vamos conseguir ter presente um tradutor que nos vai ajudar a comunicar melhor com a família
Para quem não sabe, existe um serviço de
tradução que pode ser solicitado. Trata-se
da Linha de Tradução Telefónica do ACM (Alto Comissariado para as Migrações).
Deixo o link para obteres mais
informações: https://www.acm.gov.pt/pt/-/servico-de-traducao-telefonica
2 Caso
Esta semana foi necessário dar
continuidade é uma obra. Quem já teve obras num serviço com este a decorrer
sabe como isso pode ser stressante.
O Empreiteiro pediu para, num dia
específico, poder entrar no serviço às 7h00m (antes da hora de abertura normal).
A portaria e o Serviço de Segurança foram informados.
Mas no dia previsto, à hora prevista, ninguém
foi abrir a porta do serviço para que os trabalhadores pudessem entrar e assim executar
mais uma parte importante da obra em curso, sem a presença de doentes.
Como acabaram por entrar mais tarde, os
trabalhos prolongaram-se para além da hora prevista para a chegada dos primeiros
doentes. Apenas com a boa vontade de todos foi possível prestar cuidados em
segurança, ao mesmo tempo que uma obra importante avança.
A comunicação prévia foi feita, no entanto
ela falhou, não ouve proatividade de quem estava presente à 7h, e poucos
perceberam que uma obra que aparentemente nada tem a ver com a prestação de
cuidados pode afinal influenciar e muito a segurança dos doentes.
Estes são apenas dois exemplos de como uma comunicação inadequada interfere
de forma importante na segurança do doente.
A forma e o meio que utilizamos para comunicar, podem ser interpretados de múltiplas formas pelo recetor da mensagem. Assim, esclarecer e pedir confirmação da mensagem nunca é demais.
Também fica evidente que a cultura de segurança de todos os
envolvidos está longe de ser a ideal.
Num serviço de saúde todas as
atividades têm direta ou indiretamente, impacto na prestação de cuidados
e por isso são importantes para a segurança do doente, dos profissionais, e
da própria instituição.
Se esta realidade não é percebida por
todos, isso acaba por colocar em risco todo um trabalho de planeamento e de
gestão do risco.
É preciso empenho, formação e mais e melhor comunicação entre todos. É importante que todos saibam a importância das suas ações para a cultura de segurança da instituição e o seu impacto na segurança do doente.
No final é sempre o doente que sofre as
consequências.
Fernando Barroso
UM DIA SERÁS TU O DOENTE!
#umdiaserastuodoente
Olá
ResponderEliminarA propósito de Comunicação, tive um professor que defendia que não há nem boa nem má Comunicação; ou há, ou não há Comunicação.
Quando a mensagem emitida não é recepcionada pelo recetor, segundo ele, não está a Comunicar...a tornar comum, mas tão só a «sobrenicar».
Fica o apontamento.
Cumprs
Augusto
Exemplos que acontecem todos os dias, com outras situações e intervenientes. Obrigada por nos lembrar e promover a refelxão de que podemos fazer a diferença. Cumprimentos
ResponderEliminarMaria João Anjos