Artigo de Autores Convidados
Felisbela Barroso e
Verónica Florêncio
Os Microrganismos
Multirresistentes (MoMR) constituem uma ameaça à saúde pública, com fortes
implicações económico-sociais.
O Grupo Coordenador Local de Controlo de Infeção
e Prevenção de Resistências aos Antimicrobianos (GCLCIPRA) do Centro Hospitalar
de Setúbal (CHS) implementou um conjunto de medidas de prevenção e controlo de infecção
de MoMR:
- Elaboração de um procedimento para controlo de MoMR, com base na Norma DGS nº 018/2014 actualizada a 27/04/2015 - Prevenção e Controlo de Colonização e Infeção por Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina (MRSA) nos hospitais e unidades de internamento de cuidados continuados integrados (Disponível em https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0182014-de-09122014.aspx)
- Formação aos profissionais;
- Rastreio de MRSA na admissão hospitalar;
- Higiene pré-operatória com clorohexidina;
- Notificação activa dos MoMR aos serviços;
- Análise e divulgação semestral dos resultados;
- Emissão de alertas e boletins informativos;
- Criação de ficha de notificação para o exterior.
Os
MoMR mais identificados no CHS nos anos 2016/2017 foram o Staphylococcus aureus meticilino-resistente (MRSA) e as Enterobacteriáceas produtoras de Betalactamases de Espectro
Alargado (ESBL).
Na actualidade assiste-se a um
aumento crescente de pessoas portadoras de MoMR com alta hospitalar, situação
que levou o GCLCIPRA a desenvolver uma estratégia de melhoria da comunicação com as unidades de saúde da comunidade:
- Envio da ficha de notificação;
- Folheto informativo
- Contacto via email e/ou telefónico;
- Apoio presencial aos profissionais/cuidadores.
Apurou-se
no período 2016/2017 48 notificações para o exterior, 70% exsudados nasais
MRSA, 16% exsudado de feridas MRSA, e 8% exsudado de feridas Enterobacteriáceas
produtoras de ESBL. A sua maioria foi dirigida a lares – 33%, seguido das
Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP)/ Unidades de Saúde Familiar
(USF) – 27%, e das Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC) - 8%, tal
como consta no gráfico abaixo apresentado.
Este
trabalho tem sido muito valorizado pelos profissionais e cuidadores da
comunidade, que vêm nesta parceria uma oportunidade de aumentar conhecimentos, e
melhorar as práticas da equipa, evitando a transmissão cruzada de MoMR.
A adopção de uma abordagem sistémica e integrada entre as diversas instituições de
saúde, assente numa comunicação bidireccional, permite assegurar a continuidade
e qualidade dos cuidados, aumentando a segurança dos doentes e dos
profissionais.
Propostas para o futuro:
- Notificação para o exterior em suporte informático;
- Acesso/Registo Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados;
- Workshops dirigidos às direções técnicas das Unidades de Saúde da Comunidade;
- Reuniões periódicas GCLCIPRA e os Elementos Dinamizadores de Controlo de Infecção das UCSP/USF/UCC.
Segundo a DGS (2016) mais de 1/3 das infecções podem ser evitadas. Importa garantir condições de funcionamento nos serviços, adequação dos processos, boas práticas dos profissionais.
Autoras:
Felisbela Barroso e
Verónica Florêncio
Enfermeiras no Grupo Coordenador Local de Controlo de Infecção e Prevenção de Resistências aos Antimicrobianos do Centro Hospitalar de Setúbal
O Blog "Segurança do Doente" agradece a partilha à autoras deste artigo.
UM DIA, SERÁS TU O DOENTE!
Muitos parabéns! Ainda na sexta-feira passada numa aula de economia da saúde abordávamos este tema e a necessidade e importância de investimento nesta articulação. Muito bom!
ResponderEliminarSofia
É com este tipo de trabalho que marcamos a diferença e acrescentamos valor. Parabéns ao GCLPPCIRA pelo exemplo de boas práticas!
ResponderEliminarObrigado pelas palavras Sofia.
EliminarDe facto, as colegas fazem um trabalho fantástico.
Excelente trabalho de integração de cuidados. Est~
ResponderEliminarao de parabéns. Obrigada pela partilha.
Ana Terezinha Rodrigues
Tá tudo muito bem...mas enquanto tratarem os Hospitais como centros comerciais com movimentação livre por todos os locais sem vigilância nunca acabaremos com este flagelo....
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