Hoje, após um pedido formal, realizei
num Serviço um “simulacro de auditoria” na presença da Diretora do Serviço, do
Enfermeiro Chefe e de mais 3 Enfermeiros (Com responsabilidades em diferentes áreas:
Apoio à Gestão, Gestão do Risco e Elemento de Ligação à Qualidade).
Esta é uma estratégia
que, apesar de simples, não deve ser desprezada.
É certo que não é possível “preparar” uma auditoria de
reacreditação de uma Instituição “de véspera”. Se o trabalho não estiver
previamente feito, se as boas práticas de melhoria contínua da qualidade não
estiverem presentes, é certo que nada irá resolver o problema. Mas esse não foi
o objetivo.
O objetivo deste “simulacro” é obter uma visão diferente (e
preparada) daquilo que pode ocorrer durante a auditoria real. No fundo, é pedir
a alguém “de fora” (de preferência com formação em auditoria) que nos coloque
algumas perguntas difíceis. Que nos retire da nossa zona de conforto e nos faça
refletir.
Alguns dos tópicos
abordados (e algumas sugestões de resposta):
- Reunião de auditoria inicial com base nas normas e critérios estabelecidos.
- Demonstrar conhecimento dos temas questionados e dos documentos institucionais em vigor (quer dos do Serviço quer dos documentos transversais à Instituição);
- Assumir eventuais falhas, mas, demonstrar qual é o plano que está a ser implementado para as ultrapassar;
- Não entrar em contradição ou antagonizar o auditor ou os outros participantes na reunião;
- Auditoria Clínica. Faz? Quais? Onde estão os resultados? E o plano de ação? Como divulga? Como monitoriza?
- Estar preparado para apresentar evidências se solicitado;
- Acima de tudo – Ser sincero.
- Estar preparado para duas questões “clássicas”:
- Do que é que mais se orgulha no seu Serviço?
- Se pudesse (se tivesse o poder, o dinheiro, o pessoal que queria, etc.), o que é que mudava?
- Visita ao Serviço (É normal que ocorra uma visita ao Serviço, após discussão dos documentos em sala. Esta visita têm como objetivo principal ver o funcionamento do Serviço, mas também “cruzar informação” relativamente a normas e critérios transversais à auditoria.
- É normal iniciar a visita ao Serviço/Unidade seguindo o “trajeto normal de entrada do doente”. Onde é efetuado o acolhimento/receção do doente?
- Que circuito percorre o doente no Serviço?
- Que condições existem para o doente e para a prestação de cuidados?
- Qual o aspeto geral do Serviço? Está limpo? Existem “peças soltas” que não se sabe bem de onde são?
- As passagens estão desimpedidas? As portas estão fechadas (por exemplo das salas de sujos)?
- Existe sinalética adequada e atualizada (ou está sem cor ou rasgada)?
- O quadro de informações do Serviço está atualizado? Tem informação relevante?
- O carro de reanimação está fechado com selo numerado (o registo está correto)? O teste diário do desfibrilhador é efetuado diariamente? Existe registo? Está correto?
- O circuito de sujos e limpos é mantido?
- Existe espaço de arrumação suficiente?
- É normal abordar alguns profissionais que se encontram no serviço e perguntar:
- Tem cartão de identificação (se não o tiver colocado)?
- Conhece o plano de ação do Serviço?
- Possuí uma descrição de funções?
- Como acede aos documentos do Serviço?
- Se é um elemento novo no serviço, completou um programa de integração?
- Se ocorrer uma emergência (clinica ou não clínica) o que faz?
E é isto. A qualidade deve ser entendida como um ciclo de
melhoria continua. Sempre em movimento. Sempre a melhorar em benefício dos Doentes
e dos Profissionais.
Boa auditoria
Olá
ResponderEliminarUm post que é uma muito boa «aula»...
Cumprs
Augusto
às questões "clássicas" acrescentaria:
ResponderEliminar- Qual o ponto de encontro do seu serviço em caso de incêndio? Quando foi a última vez que realizou formação em utilização de extintores?"
- O que faria se tivesse na sua unidade um profissional alcoólico/toxicodependente/agressivo? (pergunta para chefias)