O Blog “Segurança do
Doente” completa hoje o seu 10º Aniversário.
Ao longo destes 10 anos, foram publicados mais de 400 artigos em que a segurança do
doente e dos profissionais esteve sempre, de uma ou de outra forma, presente.
Sempre trabalhei para ser fiel ao seu lema - Aprender,
Partilhar, Informar.
É muito gratificante perceber, através das mensagens dos
leitores do blog que vou recebendo nos comentários, por email e mesmo
presencialmente, que este projeto teve
um verdadeiro impacto na segurança dos doentes através da informação
simples e direta que tenho vindo a partilhar com todos aqueles que querem
melhorar a segurança dos seus doentes.
Sei que o blog é lido por milhares de pessoas, e o registo
de acessos ultrapassa largamente um milhão de visitas até agora.
Nestes 10 anos tratei múltiplos aspetos da segurança do
doente, chamando a atenção para as melhores práticas, para a forma simples de
“fazer”, e para o importante papel de profissionais e doentes.
Também falei das dificuldades, dos erros e dos incidentes de
segurança em que todos nos envolvemos e de como podemos e devemos aprender com
eles.
Abordei a importância da formação
nesta área e de como esta é essencial e deve ser repetida uma e outra vez, já que é tão fácil esquecer o básico.
A Estrutura Concetual da Classificação Internacional sobre
Segurança do Doente define a Segurança do Doente como a redução
do risco de danos desnecessários relacionados com os cuidados de saúde, para um
mínimo aceitável.
Passados 10 anos de muitas e importantes conquistas, vivemos
atualmente um momento critico e marcante da nossa vida coletiva – A pandemia de
COVID-19.
Em todas as instituições de saúde, grandes ou pequenas, em
praticamente todo o mundo, os profissionais de saúde lutam contra um vírus
terrível e contra os nossos próprios medos.
Não são apenas os doentes que morrem sem que muitas vezes
nada seja possível fazer por eles. Somos também nós profissionais que sofremos
diariamente o seu impacto. No fim do dia, TODOS TEMOS MEDO de que também nós
possamos perder esta batalha.
Demasiadas vezes estamos perante uma torrente constante de
doentes (em especial os profissionais dos Serviços de Urgência) para os quais
não há, por vezes, resposta. Mas todos os dias se fazem milagres.
As Unidade de Cuidados Intensivos multiplicam a sua capacidade
muito para além das recomendações de boas práticas. E todos os dias salvam
vidas.
Os Serviços de Internamento reinventam-se e readaptam a sua
função às novas exigências. E com isso vão dando esperança.
Os profissionais de
saúde transformam-se, reinventam-se e readaptam-se a novas realidades e a novos
conceitos. Apesar do seu esforço e de uma dedicação inquestionáveis, são já
visíveis as consequências físicas e psicológicas em muitos de nós. As marcas
vão ficar para o resto das nossas vidas. Todos estamos a pagar um preço muito
alto.
E todos os dias nos pedem um pouco mais, mais um esforço,
muitas vezes sem se perceberem que para muitos dos profissionais esse pedido já
não terá resposta.
E dói muito perceber
a perda, sentir que muitos de nós – com quem nos habituámos a trabalhar e a rir
- já não vão voltar.
Para os que ficam, no dia a dia, resta-nos (com o empenho de
sempre) trabalhar em prol da segurança do doente que está, naquele momento, há
nossa responsabilidade, e garantir a sua segurança reduzindo o risco
de danos desnecessários relacionados com os cuidados de saúde que lhe estou a
prestar, a um mínimo aceitável.
Também eu, passados mais de 17 anos, regressei por estes
dias à prestação direta de cuidados. Sinto que em cada técnica, em cada gesto, em
cada toque, em cada palavra, eu posso e vou fazer a diferença, pelo menos para aquele doente à
minha frente, naquele momento.
Bem hajam a todos os
que fazem da “segurança do doente” o seu lema diário.
Fernando
Barroso
UM DIA SERÁS TU O
DOENTE!
#segurancadodoente