Há
alguns anos atrás, levei meu filho a um centro de atendimento permanente com um
corte feio no joelho. Entrámos num consultório e o enfermeiro lavou as mãos,
colocou umas luvas e começou a examinar a ferida. O telefone tocou, ele atendeu
o telefone com as luvas e depois voltou para o joelho do meu filho.
Quando
lhe pedi para remover as luvas e lavar as mãos, ele parecia envergonhado. Ele apercebeu-se
que, ocupado e distraído, esquecera os fundamentos da prevenção de infeções e
estava mortificado.
No
início deste mês, despertamos para a notícia de que um "apocalipse pós-antibiótico" poderia ser uma realidade em apenas 20 anos. A Chief Medical
Officer para a Inglaterra, Sally Davies, alertou que, no futuro, mesmo uma
cirurgia menor poderia levar a uma infecção potencialmente fatal, a menos que
tomemos medidas para prescrever menos antimicrobianos.
Precisamos
urgentemente de procurar soluções globais para este problema, mas cada um de
nós também pode contribuir todos os dias para esta luta contra a resistência
aos antimicrobianos (RA).
"Temos sorte em ter
agora o conhecimento subjacente para apoiar as nossas intervenções de prevenção
de infecção", afirmou Sally Davies.
Existe
muito trabalho em desenvolvimento nas organizações do SNS para melhorar a
administração de antibióticos. Veja-se o que se está a alcançar com o Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA),
sediado na Direção-Geral da Saúde – Todos têm
um papel importante a desempenhar no seu sucesso.
Juntamente
com essas iniciativas, cada um de nós (profissional de saúde) têm um papel
fundamental na quebra da cadeia de infecção e na prevenção de infecções que
ocorrem em primeiro lugar para que não haja necessidade de antibióticos - a higiene das mãos é fundamental para isso.
Conhecemos
a importância da higiene das mãos na prevenção das infecções desde a era
pré-antibiótica da década de 1840, quando um médico húngaro, Ignaz Semmelweis,
observou que as taxas de infecção caíram dramaticamente quando os médicos lavavam
as mãos antes de assistirem às mulheres durante o parto.
Florence
Nightingale, uma campeã da higiene das mãos, identificou os mesmos benefícios no
seu hospital em Scutari.
Temos
sorte de ter agora o conhecimento subjacente para apoiar as nossas intervenções
de prevenção de infecção.
Com
base na informação que já possuímos, todos os profissionais de saúde que entram
em contacto com um doente podem contribuir de forma pessoal para enfrentar a resistência
aos antimicrobianos utilizando sempre uma rigorosa
técnica de higiene das mãos.
Há
orientações claras sobre a higiene das mãos e sobre o uso de equipamentos de protecção individual, e todos nós precisamos ter a
confiança para desafiar os outros profissionais se acharmos que sua prática é
deficiente e ponha em risco a segurança do doente.
Nós
precisamos proteger os antimicrobianos que temos para as gerações futuras e
todo o profissional da saúde tem oportunidades todos os dias para contribuir para
a solução.
"Pensando
naquele dia no centro de atendimento permanente, estremeço ao contemplar as consequências
se meu filho tivesse desenvolvido uma infecção associada aos cuidados e não existissem
antibióticos para a tratar." - Eileen Shepherd
Texto da autoria de Eileen Shepherd, editora clínica na www.nursingtimes.net e aí publicado a 26 de Outubro de 2017. Texto adaptado por Fernando Barroso.
UM DIA, SERÁS TU O DOENTE!