Numa tentativa de reprimir a
propagação de microorganismos, dois Centros Médicos da UCLA instituíram as
chamadas “zonas
livres de apertos-de-mãos” nas suas unidades de cuidados intensivos neonatais
(UCIN) e publicaram os resultados sobre os efeitos dessa mudança no American Journal of Infection Control.
Pesquisas anteriores demonstraram
que o “aperto-de-mão” é uma importante fonte de transferência de microorganismos
– por exemplo, um estudo de 2014 publicado no American Journal of Infection Control, refere
que um “aperto-de-mão” transfere quase o dobro das bactérias do que um “high-five”.
Mark Sklansky, um dos autores do estudo mais recente refere que "Estamos a tentar fazer tudo, excepto a coisa
mais óbvia e mais fácil de fazer, na minha opinião, o que é parar de apertar as
mãos".
Investigadores da UCLA testaram a
viabilidade de estabelecer zonas livres de apertos-de-mão implementando-as em
duas Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN).
Eles afixaram cartazes por toda a
UCIN, explicando a nova política, distribuíram materiais educativos impressos pelos
profissionais e familiares dos doentes e encorajaram outras formas de
saudações, como acenos, sorrisos ou “toques de punho”. Adicionalmente, eles inquiriram
os profissionais e os familiares dos doentes antes e depois da implementação
das zonas livres
de apertos-de-mão para avaliar as reacções aquela medida e se o
número de apertos-de-mão realmente diminuía.
A pesquisa revelou que as
famílias dos doentes preferiam uma saudação envolvendo contacto visual, um
sorriso, ser abordada pelo seu nome próprio e ser questionada sobre o seu
bem-estar em vez de uma saudação que envolvesse um aperto de mão.
No entanto, mesmo após a
implementação das zonas, cerca de um terço dos profissionais das unidades ainda
não apoiavam as zonas livres de aperto de mão. Um profissional comentou: "Se eu já fiz o meu trabalho, o risco
de espalhar microorganismos é mínimo... lavar as mãos é a chave, não o aperto
de mão". Outros acreditavam que não apertar as mãos não teria impacto
nas taxas de infecção, e que não corresponder a um “aperto de mão” de um pai
poderia ser entendido como uma atitude grosseira.
A maioria dos que apoiavam uma política sem apertos de mão eram enfermeiros/as e alunos da faculdade de
medicina, enquanto os médicos do sexo masculino eram mais resistentes à
mudança.
Embora nem todos os profissionais
tenham apoiado a experiência da zona livre de apertos de mão, o número de vezes que este tipo de
cumprimento ocorria nas duas UCIN diminuiu como resultado desta experiência.
Este estudo identificou os grupos
que podem mostrar resistência ao estabelecimento de “zonas livres de
apertos-de-mão” e demonstrou ser possível implementar essas zonas, no entanto, não
examinou se as infecções diminuíram como resultado desse programa. No entanto,
o Dr. Sklansky "espera responder a essa pergunta num estudo futuro".
Cumprimentar alguém com um aperto
de mão é um gesto “automático” e difícil de eliminar. Mas, quem nunca ficou com
a sensação de ficar com as suas mãos sujas após cumprimentar alguém?
Fica aqui mais um exemplo de uma
estratégia para diminuir a “transmissão da infecção” nos nossos serviços de
saúde.