domingo, 26 de janeiro de 2020

Avaliação da Cultura de Segurança - Actualização da Norma nº 005/2018 da DGS | (#SD376)

A Direcção Geral da Saúde Publicou, a 10 de Janeiro de 2020, uma actualização da Norma nº 005/2018 - Avaliação da Cultura de Segurança do Doente nos Hospitais

Após análise desta alteração informo que a única "alteração" que encontrei está no ponto 5, alínea a).

Onde se lia: a) inscrição (fevereiro)
Pode agora ler-se: a) inscrição (janeiro-fevereiro);


Podes aceder à "nova" versão através do link abaixo.

Fernando Barroso

UM DIA SERÁS TU O DOENTE!

#segurancadodoente

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

A influência do Skill mix na Segurança do Doente | (#SD375)

Há muitas formas de condicionar (sim, escolhi bem a palavra) a Segurança do Doente nos Serviços (e Instituições). O Skill Mix é uma delas.

Quando falo em skill mix, no contexto da prestação de cuidados de saúde, estou a referir-me (entre outras) a uma combinação de habilidades disponíveis num momento específico.

A competência profissional (a capacidade de desempenhar uma função especifica para a qual se obteve formação qualificada e adequada) é determinante, sendo requerido, num Serviço com múltiplas profissões a interagir entre si, que o skill mix seja adequado ao objectivo da prestação de cuidados.

Ora, quando aceitamos a existência de profissionais a desempenhar funções acima das suas competências formais (e legais), alegando restrições financeiras, tal situação deve ser clara e  denunciada em conformidade.

Se esse evidencia é constatada e nada se faz para se alterar, então existe aceitação (para não escrever conivência) com a situação. E este tipo de situação coloca em risco a Segurança do Doente.

De nada serve alegar que o profissional A ou B recebeu treino "on the job" e que é muito "dedicado e competente". 
A realidade é que não recebeu formação "formal" e não detém as qualificações que a lei prevê. E isso não é aceitável.

A OMS questiona, no seu famoso "Workshop de Segurança do Doente-Aprendendo com o Erro", o seguinte:
De que forma é que você sabe se os seus colegas receberam a formação necessária para realizar o seu trabalho correctamente?

O sentido à volta desta pergunta nem sempre é bem compreendido, mas na sua essência, trata-se de nos fazer compreender - a todos - que a não existência de um skill mix adequado aos cuidados que se querem prestar coloca em causa esses mesmos cuidados e consequentemente a segurança do doente. 

E é por isso que muitos incidentes ocorrem, seja pela existência de profissionais com competências inadequadas, ou seja pela simples inexistência de profissionais em número suficiente.
Fernando Barroso

UM DIA SERÁS TU O DOENTE!

#segurancadodoente

sábado, 18 de janeiro de 2020

O que ocorre quando não comunicamos? Menos Segurança do Doente | (#SD374)

Apesar de toda a evolução, do conhecimento e da tecnologia, ainda não aprendemos a comunicar uns com os outros e isso influência negativamente a segurança do doente.

Um sistema de notificação de incidentes é uma ferramenta poderosa. Com um sistema deste tipo podemos facilmente identificar riscos para a Segurança do doente, dos profissionais e da Instituição e com isso antecipar medidas correctivas ou preventivas

Para que o sistema funcione necessitamos, entre outras coisa, de um profissional (ou vários)  que saiba interpretar correctamente toda a informação que lhe é enviada através do sistema de notificação - Gestor de Risco Clínico.

Cada incidente representa uma oportunidade para obter novos dados, para confirmar o conhecimento existente e para nos mostrar o caminho para novas medidas preventivas.

Mas com cada notificação chega um desafio - a informação recebida está correcta? 
A resposta (normalmente) é não.

O mais comum é que a notificação de um incidente tenha em conta apenas o ponto de vista de quem notifica, esquecendo facilmente aquelas que podem ser as dificuldades "do outro lado" da história.

Aquilo que pode parecer um incidente claro de segurança do doente, pode na realidade ser a atitude mais correcta que o profissional (envolvido no incidente) poderia ter tomado. Pode não ter conseguido fazer tudo correctamente, mas na sua essência, estar correcto.

Para o Gestor de Risco o desafio é, em cada incidente recebido, fazer o exercício de raciocínio de nos colocarmos no lugar "do outro" e pedir sempre a opinião da outra parte. Será dessa confrontação e do conhecimento como perito em análise de incidentes que a melhor solução poderá surgir.

Outro aspecto importante, e sempre descurado, é que o profissional que efectua a notificação do incidente quando este incidente envolve outras partes, raramente teve o cuidado de fazer o mesmo raciocínio ou sequer falou com a outra parte. Chama-se a isto "comunicar".
É assim que o texto descritivo de um incidente acaba por ser escrito carregado de informações incompletas ou mesmo incorrectas, quando um simples telefonema poderia ter clarificado o problema.

Resta aos Gestores de Risco Clínico o discernimento e clareza de raciocínio para que não tomem parte sem um cabal esclarecimento dos factores contribuintes de um incidente.
Fernando Barroso

UM DIA SERÁS TU O DOENTE!

#segurancadodoente

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Desafios da integração de um novo Gestor de Risco | (#SD373)

Hoje comecei a integrar um colega como GESTOR DE RISCO clínico no Grupo de Indicadores, Auditoria e Risco Clínico (GIARC).

Há dias em que nos sentimos felizes e não sabemos bem porquê. Eu hoje estou feliz e sei bem o motivo.

Este é um enorme desafio, quer para mim quer para o colega (obrigado Luís Caldas por abraçares este projecto).

É verdade que temos construída e publicada uma descrição de funções que em breve iremos rever em conjunto e reconstruir na medida do que for necessário.

Também é verdade que "entrar na carruagem" já em andamento tem aspecto positivos, mas também encerra desafios dos quais ainda não nos apercebemos.

Permitam-me socorrer-me de parte do texto da dissertação de Mestrado em Gestão de Serviços de Saúde de Vânia Gonçalves, intitulada "Gestão do risco nas organizações de saúde: percepção dos profissionais face ao papel do gestor de risco".

Escreve a autora sobre o Gestor de Risco:
"A aplicação de um programa de gestão de risco implica a constante presença de um supervisor experiente e conhecedor de todo o seu processo de implementação, profissional esse que é designado por Gestor do Risco. Mas quais são as suas áreas de saber, quais as suas competências e valências enquanto profissional responsável?

Inicialmente, um gestor de risco focava a sua atenção apenas ao nível da detecção e identificação dos principais riscos da actividade profissional. Contudo, com o aumento das exigências e da complexidade de todo o processo, deverá não só focar a sua atenção nestes aspectos, mas também ao nível da prevenção do risco detectando áreas potencialmente perigosas não só ao nível da prestação de cuidados como ao nível da gestão, ética organizacional, aspectos económico-financeiros, entre outros.

A organização deverá ser analisada como um todo, nos seus vários níveis de actuação, adoptando-se assim uma atitude preventiva e pró-activa perante a organização.
Ou seja, a sua actuação deverá promover uma eficaz gestão dos cuidados prestados, no qual o conceito de segurança se encontra implícito, envolvendo não só os seus utentes, como também os seus profissionais, visitas e colaboradores (internos e externos). Desta forma, é possível minimizar e/ou prevenir qualquer potencial perda para a organização, potenciando-se a performance da organização de saúde.


Dada a complexidade inerente ao cargo e ao desempenho das suas funções, são múltiplas as áreas passíveis de intervenção, o que realça a multiplicidade de saberes e de conhecimentos necessários. (…). Um estudo efectuado em 1999 pela American Society for Healthcare Risk Management (ASHRM) procurou identificar as principais actividades de um gestor do risco para poder definir o corpo de conhecimentos associado, do qual resultou a identificação de seis grandes áreas de actuação: prevenção/redução das perdas, gestão das reclamações, financiamento de riscos, cumprimento da regulamentação/acreditação, operações, e bioética."

Como se percebe, ser "Gestor do Risco" encerra um conjunto de características e competências que constituem, por si só, um verdadeiro desafio. Mas a Segurança do Doente exige essa complexidade que deve estar presente na pessoa (enquanto gestor do risco) e no desenvolvimento das suas competências.

Ser gestor do risco é ser sempre, em cada momento, um curioso de novas formas de cuidar e um defensor incondicional da causa da segurança, trabalhando para prevenir e diminuir o risco associado aos cuidados de saúde.

Faremos juntos esse percurso.

Fernando Barroso

UM DIA SERÁS TU O DOENTE!

#segurancadodoente

GONÇALVES, Vânia Cristina Nunes Gomes - Gestão do risco nas organizações de saúde: percepção dos profissionais face ao papel do gestor de risco [Em linha]. Lisboa: ISCTE, 2008. Tese de mestrado. [Consult. Dia Mês Ano] Disponível em http://hdl.handle.net/10071/1513.