As falhas de comunicação representam uma ameaça significativa à qualidade dos cuidados e segurança dos doentes e são um factor contribuinte comum em eventos adversos. No entanto, pouco se sabe sobre a natureza das falhas de comunicação.
Embora a relação entre as falhas de comunicação e a segurança tenha sido melhor estudada em ambiente de sala de operações, este problema provavelmente contribui para falhas de segurança em todos os ambientes de prestação de cuidados.
Os problemas de comunicação na maioria das vezes levam a atrasos no atendimento sem danos físicos para o doente, destacando desta forma a dificuldade de medir os problemas de comunicação em comparação com outros tipos de eventos de segurança do doente.
Um estudo publicado recentemente (Março de 2019) teve como objectivos identificar e descrever os tipos de falhas de comunicação em que enfermeiros e médicos estavam envolvidos e determinar como os diferentes tipos de falhas de comunicação podem afectar os resultados dos doentes.
Métodos
O método utilizado foi a análise de 16165 relatórios de incidentes arquivados durante o ano fiscal de 2015–2016 no Midwestern Academic Health Care System, de forma a identificar quais os relatos que descreviam falhas de comunicação envolvendo enfermeiros e médicos, tendo dessa forma sido identificados 161 relatos de incidente que correspondiam aos critérios de inclusão.
As falhas foram categorizadas por tipo, usando dois sistemas de classificação: contextual e conceptual.
Foi usada a análise conteúdo para identificar os resultados dos doentes: dano real ou potencial, insatisfação do doente, atraso no atendimento ou nenhum dano.
A frequência dos tipos de falha e os desfechos foram avaliados por meio de estatística descritiva.
As associações entre o tipo de falha e os resultados dos doentes foram avaliadas.
Resultados
Das 211 falhas de comunicação contextual identificadas, os erros de omissão foram os mais comuns (27,0%).
Mais da metade das falhas conceituais foram falhas na transferência de informação (58,4%),
Em 41,6% dos incidentes, ficou demonstrada uma falta de compreensão compartilhada (cada um dos interlocutores tinha uma compreensão diferente da informação).
Relativamente ao resultado para o doente, dos 179 desfechos identificados:
- 38,0% foram atrasos no atendimento;
- 20,1% foram danos físicos e;
- 8,9% foram insatisfação do doente.
Não houve associação estatisticamente significativa entre a categoria do tipo de falha e os desfechos dos doentes.
Conclusão
Verificou-se que os relatórios de incidentes puderam identificar tipos específicos de falhas de comunicação e os resultados dos doentes.
Este trabalho fornece uma base para o futuro desenvolvimento de intervenções para prevenir eventos adversos relacionados com a comunicação, adaptando as intervenções a tipos específicos de falhas.
Todos temos responsabilidade na forma como comunicamos.
Na minha experiência, tenho tido acesso a relatos de incidente em que a comunicação é claramente o foco principal (ou melhor, a falta de comunicação efectiva entre os profissionais envolvidos).
A incapacidade de “parar” por alguns segundos para compreender a mensagem, aliada a factores humanos como, Carga de trabalho cognitiva e mental; Distracções; O ambiente físico; Exigências físicas; Desenho do produto/equipamento; Trabalho em equipa e o Desenho do processo, condicionam a forma como recebemos e interpretamos as mensagens que nos chegam.
Uma correta comunicação é vital para a segurança do doente.
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- No teu serviço, como é abordado o tema da comunicação efectiva?
Fernando Barroso
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Fonte: Using Incident Reports to Assess Communication Failures and Patient Outcomes | Autores: Elizabeth Umberfield, Amir A. Ghaferi, Sarah L. Krein,e Milisa Manojlovich. Publicado no The Joint Commission Journal on Quality and Patient Safety. Disponível online a 29 Março 2019