sexta-feira, 25 de abril de 2025

Fotografia dos Doentes no Processo Clínico reduzem o Risco Clínico

A era digital transformou significativamente a área da saúde, introduzindo soluções que têm contribuído para a redução de erros clínicos e para a melhoria da segurança do doente. No entanto, o risco de efetuar pedidos no doente errado ainda persiste, podendo ter consequências graves para os doentes. Estes erros podem envolver medicação, análises laboratoriais e de imagem, procedimentos, intervenções de enfermagem, consultas, altas e outros tipos de pedidos.

Como refere o Dr. Jason Adelman, clínico e especialista em segurança do doente na Columbia University, “pedidos efetuados no doente errado deveriam ser um ‘never event’ (evento inadmissível), ou seja, nunca deveriam acontecer”.

Nesse sentido, a exibição de fotografias dos Doentes no registo eletrónico de saúde (processo clínico - PC) surge como uma estratégia promissora para minimizar estes erros. O Dr. Adelman explica que “os nossos cérebros processam imagens de forma mais rápida e sem esforço do que palavras, tornando muito mais fácil para um clínico perceber se está no registo errado ao ver uma fotografia”.

Para avaliar a eficácia desta abordagem, o Dr. Adelman liderou um estudo que analisou o impacto da exibição de fotos de Doentes nos PS’s na prevenção de pedidos em Doentes errados.

A investigação comparou três intervenções com um grupo sem fotos:

1) a exibição da foto num banner passivo, denominado “Storyboard” no sistema Epic;

2) um alerta popup interruptivo com a foto do doente, exigindo um clique para verificação; e

3) a combinação de ambos.

Os erros de doente errado foram identificados utilizando a Wrong-Patient Retract-and-Reorder Measure (WP-RAR), um método validado e automatizado desenvolvido pelo Dr. Adelman. Esta ferramenta identifica pedidos que são efetuados para um doente e retirados dentro de 10 minutos, sendo subsequentemente efetuados pelo mesmo clínico para um doente diferente nos 10 minutos seguintes – os chamados erros “near-miss”, detetados pelo próprio clínico antes de chegarem ao doente.

Os resultados do estudo demonstraram que todas as três formas de exibição de fotografias reduziram significativamente os pedidos em Doentes errados em comparação com a ausência de fotos.

Curiosamente, não foram encontradas diferenças significativas entre a exibição passiva no Storyboard e o alerta popup, sendo que ambos demonstraram uma melhoria na ação do profissional de saúde.

O Dr. Adelman salienta que “as fotos no Storyboard funcionam tão bem de forma passiva que adicionar um popup tem um pequeno aumento, mas não estatisticamente significativo e provavelmente não vale o esforço da fadiga de alertas”. Dada a problemática da fadiga de alertas nos clínicos, o Dr. Adelman defende a utilização de intervenções passivas para maximizar o benefício e minimizar o fardo sobre os profissionais.

Um aspeto crucial para o sucesso desta prática é a disponibilidade de fotografias de Doentes nos PC’s. Inicialmente, apenas cerca de 40% dos Doentes possuíam fotografias nos registos. Ao longo de três meses, a equipa de investigação trabalhou em colaboração com os serviços de Doentes, serviços de informática e operações para aumentar o número de fotografias disponíveis. Foram desenvolvidos materiais de apoio, formação para a equipa sobre como e quando tirar fotografias, e ativação de configurações em quiosques para permitir que os Doentes tirassem as suas próprias fotos durante o registo.

O Dr. Adelman enfatiza a importância de evidências rigorosas para promover a adoção de práticas de segurança, esperando que esta investigação possa “ajudar a acelerar a adoção de fotos em PC’s”.

Para apoiar a implementação generalizada de fotografias de Doentes pelos sistemas de saúde, o Dr. Adelman e a sua equipa estão a desenvolver um toolkit que resume a sua experiência e inclui materiais desenvolvidos durante a implementação. Este kit incluirá métodos sobre como incorporar fotografias de Doentes em diferentes ambientes técnicos, especificações sobre como capturar fotografias de qualidade, checklists, modelos, políticas e fluxos de trabalho de amostra, bem como materiais de formação e educação para Doentes.

Em suma, a investigação demonstra claramente que a exibição de fotografias de Doentes nos registos eletrónicos de saúde é uma estratégia eficaz para reduzir erros de identificação de Doentes e, consequentemente, melhorar a segurança do doente.

A implementação desta prática, mesmo de forma passiva através de banners informativos, pode contribuir significativamente para a prevenção de “never events”, reforçando a importância de investir em soluções digitais centradas na segurança do doente.

Fonte: https://digital.ahrq.gov/program-overview/research-reports/2023-year-review

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quinta-feira, 24 de abril de 2025

Gerir com Qualidade em Saúde. Um livro indispensável

 

Gerir com Qualidade em Saúde, de Manuela Frederico e Fernando Sousa

Adorei este livro e a forma simples do seu texto. 

O Conteúdo de cada capitulo está muito bem escrito e é de uma enorme clareza. Vou usá-lo muitas vezes no futuro como referência. 

Considero que é um livro indispensável para qualquer gestor na área da saúde, em especial para os Enfermeiros Gestores.

Faz um favor a ti próprio. Compra este livro https://www.wook.pt/livro/gerir-com-qualidade-em-saude-manuela-frederico/26989718?a_aid=4e731cba3ee3f


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quarta-feira, 23 de abril de 2025

10 Principais Ameaças à Segurança do Doente em 2025

 

De acordo com um relatório da ECRI e do Institute for Safe Medication Practices, as dez principais ameaças à segurança do doente em 2025 englobam problemas persistentes e riscos emergentes.

Ignorar as preocupações dos doentes, familiares e cuidadores é considerada a principal ameaça, com impactos significativos nos diagnósticos e resultados.

Outras preocupações notáveis incluem a governança inadequada da inteligência artificial, a disseminação de desinformação médica e as violações de cibersegurança.

O relatório também destaca desafios como erros de diagnóstico, infeções associadas a cuidados de saúde e a deterioração das condições de trabalho nas farmácias comunitárias, fornecendo recomendações para mitigar estes riscos.


Lista das 10 Maiores Ameaças à Segurança do Doente em 2025, de acordo com o relatório:

  1. Ignorar as preocupações do doente, da família e do cuidador.
  2. Governança insuficiente de inteligência artificial.
  3. Disseminação de desinformação médica.
  4. Quebras de cibersegurança.
  5. Cuidados a veteranos em ambientes de saúde não militares.
  6. Medicamentos abaixo do padrão e falsificados.
  7. Erros de diagnóstico em cancros, eventos vasculares e infeções.
  8. Infeções associadas a cuidados de saúde em instituições de cuidados de longa duração.
  9. Coordenação inadequada durante a alta do doente.
  10. Deterioração das condições de trabalho em farmácias comunitárias.

O relatório indica que estas ameaças são baseadas em avaliações de especialistas quanto à severidade, frequência e impacto sistémico, com o objetivo de ajudar as organizações de saúde a priorizar esforços para reduzir danos evitáveis.

O principal problema identificado é ignorar as preocupações dos doentes, famílias e cuidadores, o que pode levar a diagnósticos tardios, piores resultados para os doentes e aumento das disparidades.

O relatório recomenda que os líderes de saúde adotem uma abordagem sistémica para melhorar a comunicação entre doente e profissional de saúde, abordar os vieses cognitivos e promover uma cultura de confiança para mitigar estes riscos.


Este é o link para o Relatório Original: https://assets.ecri.org/PDF/Top10PatientSafetyConcerns_2025_final.pdf

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domingo, 20 de abril de 2025

Erros cometidos pelo Avaliador na avaliação SIADAP

"Tendo presente todos os aspetos éticos ligados à avaliação de desempenho, o avaliador deve estar atento a alguns erros que pode cometer no decorrer do processo de avaliação, nomeadamente:

O efeito de halo (tendência em estender uma avaliação positiva ou negativa de um colaborador para todos os itens da avaliação, sem fazer uma análise adequada de cada um dos fatores, isto é, se o colaborador é bom numa função, automaticamente é bom nas demais);

O efeito de tendência central, que consiste na atribuição, por parte do avaliador, de notas muito altas para não prejudicar o avaliado ou evitar notas muito baixas, para não ter de as justificar;

O erro da primeira impressão, ou seja, "a primeira impressão é a que fica". O avaliador não pode recorrer a avaliações passadas, mas sim centrar-se no presente;

O erro de fadiga/rotina, que ocorre quando o avaliador faz muitas avaliações seguidas e chega a um certo ponto em que já não consegue distinguir os avaliados;

O erro de estereótipo, quando o avaliador estabelece um estereótipo em relação ao desempenho do avaliado e esta situação não se altera, nem com o processo de avaliação de desempenho, mesmo que o desempenho seja superior ou inferior ao estereótipo estabelecido pelo avaliador,

O erro da tendência central, que é um erro de classificação de desempenho, em que todos os colaboradores têm classificação média;

O erro de precisão, quase na oposição do erro da tendência central, em que o avaliador tende a dar aos colaboradores classificações excecionalmente boas ou más;

Erro da profecia autoconfirmatória, em que o avaliador gera expectativas fracas sobre o colaborador desde o início do processo de avaliação, as quais podem traduzir-se num mau desempenho;

Inveja, em que o avaliador sabe que o avaliado é bom, mas a avaliação não o demonstra, pois tem medo de criar um concorrente que ocupe a sua posição na organização."

(Fonte: Fernando Sousa e Maria João Mano. Gerir com Qualidade em Saúde. p210; 2022. LIDEL)

O processo de avaliação SIADAP é tudo menos simples. 

O Avaliador tem uma enorme responsabilidade na credibilização de todo o processo. É fundamental deter um conhecimento profundo de todo o processo e capacitar os avaliados com o máximo de informação, e mesmo assim o avaliador correrá sempre o risco de ser catalogado como "injusto". 

A verdade é que todos - Avaliadores e Avaliados - são co-responsáveis em todo o processo.

Trago aqui este tema porque considero que a "avaliação do desempenho" é também uma ferramenta a utilizar para promover a segurança do doente


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sábado, 5 de abril de 2025

Participei no III Congresso Gestão e Empreendedorismo para Profissionais de Saúde

 

Nos dias 04 e 05 de abril de 2025 participei no III Congresso Gestão e Empreendedorismo para Profissionais de Saúde, em Santarém.

Como empreendedor, não podia deixar de o fazer, e gostava de partilhar contigo algumas informações sobre este evento.

👉 A grande diferença é que este evento (já é o 2º a que assisto) não tem "nada" a ver com um congresso "tradicional" da área da saúde.

👉Não há "mesas temáticas".

👉O programa é "minimalista"

👀 O espaço é incrível

👉Em cada apresentação, apenas o palestrante está em palco.



👌
Não há "perguntas e respostas"

💪 Os horários são cumpridos com rigor.

Não, este não é um congresso tradicional da saúde. É um congresso em que se discute o negócio e estratégias para o implementar e potenciar. É um congresso que discute estratégias e soluções para ter lucro (sem vergonha) ao mesmo tempo que se presta um serviço com rigor e profissionalismo.

Nas instituições publicas de saúde temos muito a aprender com as estratégias e ferramentas do "atendimento do cliente" com a "imagem" da instituição, com a necessidade de uma melhor "comunicação" e com estratégias que facilitem a experiência do doente e a sua relação com os Serviços.

Quem sabe um dia...

Podes encontrar pequenos vídeos do congresso no meu canal do YouTube em www.youtube.com/@FernandoBarroso1972

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