quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Se a AUDITORIA é uma FARSA, então não faças!

Em conversa informal com uma formanda do curso de auditoria clínica, ela comentou:

- Quando se faz auditoria à higiene das mãos, os profissionais ainda gozam e fazem um teatro a cumprirem as boas práticas. Quando ninguém está a auditar, muitos deixam de higienizar as mãos

Este tipo de atitude é revelador do nível de cultura de segurança do doente deste serviço.

As boas práticas existem suportadas em saber científico e na melhor evidência e prática clínica.

Saber como se deve proceder e não o fazer é um ato negligente, que coloca em risco o doente.

Não basta fazer bem algumas vezes. Temos de fazer bem sempre.

Para ultrapassar esta dificuldade há que encontrar outras formas de auditar, menos exuberantes, para conseguir recolher evidências da realidade, e com os seus resultados consciencializar os profissionais.

Também não devemos esquecer a necessidade de uma maior intervenção do superior hierárquico, que detém responsabilidades específicas na defesa e garantia da segurança do doente, sempre que isso se revelar necessário.

Não basta defender uma cultura de segurança também temos de implementar uma cultura justa. Saber elogiar quem cumpre e penalizar quem simplesmente “não quer saber”.

Se a AUDITORIA é uma FARSA, então não faças!


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Fernando Barroso
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domingo, 22 de setembro de 2024

Alerta - Relato difícil da perda de um filho (ou a Insensibilidade de alguns Profissionais de Saúde)


Nem todos os profissionais de Saúde, mas sempre um profissional de Saúde(*)

Em 48 horas tivemos a informação de que estava tudo bem com a nossa filha. De que afinal não estava. E agora que faríamos um feticídio, sem qualquer aviso ou preparação para tal.

Antes de mais: a minha profunda gratidão a todos os profissionais de saúde que cuidam dos seus doentes com eficiência, vocação, rigor e…empatia.

O título deste artigo prende-se precisamente pela, cada vez maior, escassez desta última característica.

Todos os dias somos bombardeados com várias notícias que nos fazem constatar o óbvio: os serviços de saúde em Portugal estão sobrecarregados. São listas de espera intermináveis, urgências a fechar, falta de recursos humanos. O sistema — por motivos variados — não funciona tão bem quanto devia.

As consequências são várias, mas um episódio recente fez-me “regressar ao passado” e voltar a lidar com um em particular: a total falta de empatia com os doentes.

Sim, é verdade que são milhares os doentes que passam por cada unidade de saúde diariamente. Cada um com os seus males e maleitas. E se essa maleita parece gravíssima ao doente, é “só mais uma” para quem o atende.

Segundo o Relatório de Saúde STADA 2023, que entrevistou 2.000 pessoas em Portugal, 74% da população portuguesa estava satisfeita com o serviço nacional de saúde em 2021. Este valor baixou para 53% em 2023. A tendência é continuar a descer.

Não farei distinção entre o serviço privado e o público pois, a meu ver, a linha que os separa é cada vez mais ténue.

Bem, vamos ao tal episódio. Uma história banal: uma amiga de longa data, nos seus 40 anos, decide que quer engravidar. Marca uma consulta para ver se está tudo bem com ela e com o seu companheiro.

O que não é banal nesta história: esta amiga já perdeu uma filha com uma doença genética raríssima. A mãe tem, portanto, este gene e, para saber se pode avançar ou não com uma gravidez, precisa de saber se o seu companheiro, que nunca teve filhos, também o é.

Feitos os exames (caros, por sinal), têm agora que aguardar 5 semanas pelos resultados. Findas as 5 semanas, não há resultados. A ansiedade começa a instalar-se. O laboratório ainda não os tem e ao telefone é dito que “não sei porque não temos os resultados. Conte com eles só daqui a 10 dias”.  Respiremos fundo. Atrasos acontecem.

Um breve resumo: foi feito o primeiro estudo genético e, devido aos resultados, a médica – sem informar a doente — pediu um segundo estudo. Ao telefone, ao perceberem a ansiedade da minha amiga com esta situação, alguém fez questão de dar a seguinte informação: “Foi mesmo necessário este segundo estudo. A médica depois explica…e vocês enquanto casal terão que tomar uma decisão”.

Calma, vamos com calma. Uma decisão? Que decisão? Que diz nesse estudo que os fará, enquanto casal, terem que tomar uma decisão?!

Não há respostas do outro lado, mas há nesta doente — que é uma mãe que já perdeu uma filha — um reviver do passado e um desespero que se instala. Será possível que terá que passar por esta situação novamente?

Em março de 2022, era eu a futura mãe em desespero. Ao fim de uma hora numa consulta de ecografia, sem o médico proferir uma palavra, é me dito que não está tudo bem e devo entregar com urgência o relatório da ecografia ao meu médico de família.

No mesmo momento, dirijo-me ao centro de saúde. O médico respondeu-me que, pelo que ele viu, estava tudo bem e era um manifesto exagero de quem tinha feito a ecografia. Só para não haver nenhum problema, iria pedir-me uma consulta para a Maternidade Alfredo da Costa.

Poderia dizer que senti alívio nesse momento, mas não é verdade. As dúvidas e a ansiedade de uma mãe de primeira viagem instalaram-se. Saí do centro de saúde e dirigi-me ao Hospital da Luz para fazer uma nova ecografia.

Expliquei a situação à médica e mostrei-lhe o relatório do seu colega. Vamos a nova ecografia. Demorou menos de 5 minutos para que esta médica confirmar que havia um problema. A bebé que carregava, tão amada e desejada, era incompatível com a vida.

Mas há menos de 2 horas atrás o médico de família tinha-me dito que estava tudo bem…

Várias voltas dadas, acabei com uma amniocentese marcada para daí a dois dias no hospital de Loures. Uma amniocentese é um exame algo arriscado, mas comum. Preparei-me para o mesmo com alguma descontração.

Dois dias depois, lá estávamos eu e o meu marido, no gabinete médico para o exame. O médico começa a descrever o procedimento e diz algo como “como sabem a bebé tem um problema e o feticídio funciona da seguinte forma…”.

Lembro-me de cruzar, incrédula, os olhos com o meu marido. De que estava o médico a falar? Eu ia apenas fazer uma amniocentese.

O médico, ao ver as nossas caras apercebe-se da situação e pergunta se não nos foi dito o que iríamos fazer. A nossa resposta foi que não. Não foi para aquilo que nos preparamos.

Em 48 horas tivemos a informação de que estava tudo bem com a nossa filha, de que afinal não estava e agora que faríamos um feticídio sem qualquer aviso ou preparação para tal. O meu marido pediu de imediato que eu recebesse apoio psicológico naquele momento. O médico respondeu que poderia solicitar, se ele considerava importante. Haveria dúvidas de que era importante?

Foi feito o que tinha que ser feito. Daí a dois dias fiz o parto desta bebé. Sozinha num quarto de hospital. Sim, sozinha. Sem enfermeiros, nem médicos pois estavam ocupados noutros quartos.

Comigo, com a bebé sem vida nos braços, uma enfermeira entrou disparada no quarto, tirou-ma e chamou uma colega que me deu uns papéis de autópsia para assinar.

Doei o corpo da menina à ciência. Já a empatia… ninguém pode doar.


O Texto é da autoria de Mónica Fernandes

(*) O texto original foi publicado no Jornal OBSERVADOR  a 17/09/2024 e está neste link: https://observador.pt/opiniao/nem-todos-os-profissionais-de-saude-mas-sempre-um-profissional-de-saude/ 

(No texto original, a palavra “paciente” foi substituída por “doente” para respeitar a Classificação Internacional para a Segurança Dos Doentes, e o espírito deste Blog)


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sábado, 21 de setembro de 2024

Sugestão - Curso Europeu sobre Segundas Vítimas (em Português)


Gostaria de te fazer a sugestão de frequentares o Curso Europeu sobre Segundas Vítimas (em Português)

A Segunda Vítima é definida como "Qualquer profissional de saúde que esteja direta ou indiretamente envolvido num evento adverso, ou num incidente imprevisto não intencional, ou numa situação em que um doente sofreu dano, e que se torna uma vítima na medida em que sofre um impacto negativo decorrente dessa experiência." (Vanhaech et al., 2022)

O curso vai permitir-te conhecer melhor esta temática, ter acesso a estudos de caso, exemplos práticos e conhecer as melhores estratégias de intervenção e apoio às "segundas vitimas".

O curso decorre on-line e é de acesso gratuito e está disponível através deste link: https://course.cost-ernst.eu/courses/curso-europeu-sobre-segundas-vitimas-pt/

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sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Video OMS - Dia Mundial Segurança Do Doente - Improving diagnosis for patient safety: Get it right, make it safe!

Um diagnóstico identifica o problema de saúde de um doente. Para chegar a um diagnóstico, os doentes e as suas equipas de cuidados de saúde têm de trabalhar em conjunto para percorrer o complexo e por vezes moroso processo de diagnóstico. 

Um diagnóstico tardio, incorreto, falhado ou mal comunicado pode prolongar a doença e, por vezes, causar incapacidade ou mesmo a morte. 

Juntos, todos nós temos um papel a desempenhar na melhoria do diagnóstico para a segurança dos doentes.

O tema do Dia Mundial da Segurança do Doente de 2024 centra-se na melhoria do diagnóstico para a segurança do doente, utilizando o slogan “Get it right, make it safe!”.

Mais informações sobre a campanha: https://www.who.int/campaigns/world-patient-safety-day/world-patient-safety-day-2024 

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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Dia Mundial da Segurança do Doente 2024 - Vídeo da DGS


A Direção-Geral da Saúde celebra o Dia Mundial da Segurança do Doente 2024 com o lançamento de um vídeo, com o mote “Segurança do Doente: Por Todos, Para Todos, Em Todos os Momentos”

Esta iniciativa visa sublinhar a importância da colaboração de todos para aumentar a qualidade e a segurança na prestação de cuidados saúde, em todos os contextos: desde cuidados hospitalares, domiciliários e telessaúde, e em todas as fases do ciclo de vida.

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quarta-feira, 18 de setembro de 2024

22º Curso Auditoria Clínica para Profissionais de Saúde

Está a decorrer mais uma edição (é já a 22ª) do Curso de Auditoria Clínica para profissionais de saúde.

É incrível a capacidade de trabalho destes profissionais de saúde (Médicos, Enfermeiros, TSDT) que em "apenas" uma semana já construíram as "grelhas de auditoria", elaboraram os "planos de auditoria" e conseguiram obter as necessárias autorizações para iniciarem a recolha de evidências no terreno.


A metodologia de auditoria obedece a regras simples que todos (com dedicação) podem aprender e implementar nos seus serviços.

A Norma Portuguesa - NP EN ISO 19011 2019, define “Auditoria” como um: Processo sistemático, independente e documentado para obter evidência objetiva e respetiva avaliação objetiva com vista a determinar em que medida os critérios da auditoria são cumpridos.

Muito mais do que uma definição formal (ISO) o que importa é verificar a conformidade dos cuidados prestados ao doente, tendo por base a melhor evidência cientifica, o melhor cuidado de saúde possível.

É este cuidado de excelência que procuramos quando desenvolvemos uma auditoria. Identificar o que fazemos bem (a conformidade) mas também o que não fazemos bem (a não conformidade) que a seguir transformamos num plano de ação (oportunidades de melhoria).

Em equipa, é possível melhorar e prestar um melhor cuidado. Um cuidado de qualidade.
A auditoria é uma ferramenta que permite exatamente isso.

O próximo curso (o 23º) vai ser em outubro de 2024 nos Açores, e em breve on-line, na ESCOLA DE SEGURANÇA DO DOENTE.

Para acompanhares a divulgação do curso podes subscrever a newsletter da ESD neste link.

Espero por ti.

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terça-feira, 17 de setembro de 2024

Feliz Dia Mundial Segurança Do Doente - 2024


A 17 de setembro comemoramos o

Dia Mundial Da Segurança Do Doente

Este ano, 2024, a OMS propõe o tema

“Melhorar o diagnóstico para a segurança do doente”

 

Este pode parecer um tema restrito apenas a um grupo profissional, mas não é assim.

Como é óbvio um diagnóstico médico correto é fundamental para o doente.

Mas a verdade é que todos os profissionais de saúde fazem o seu diagnóstico de doente.

Todos os profissionais avaliam as limitações, necessidades e o conhecimento do doente a cada momento

É com base nesse diagnóstico que são definidas as atividades a realizar com esse doente, as suas reais limitações e necessidades especificas.

 É por isso que realizar um diagnóstico correto e seguro é tão importante

 Um diagnóstico correto e seguro é fundamental para a segurança do doente

Eu sou o Fernando Barroso e quero desejar-te um

Feliz Dia Mundial da Segurança do Doente


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domingo, 15 de setembro de 2024

Entrevista Para Ficar Vs Entrevista De Saída

É muito importante ficar a conhecer os motivos pelos quais um Trabalhador resolve abandonar o seu local de trabalho (Instituição/ Serviço/ Unidade/ Empresa). Algumas empresas aplicam a esses trabalhadores uma "entrevista de saída" para tentarem aprender aquilo que pode ter corrido mal.

Ouvi num podcast do THE ONE THING  o entrevistado Brian Gottlieb a falar num conceito diferente e muito interessante. Em vez de realizar uma entrevista de saída quando o trabalhador vai embora, realizar antes uma entrevista para ficar, quando o trabalhador ainda está na empresa.

A ideia é recolher informação que permita proporcionar um melhor ambiente de trabalho para que o trabalhador queira continuar a trabalhar na empresa (aumentar a retenção) e ao mesmo tempo perceber o que pode ser melhorado (na empresa e nos seus responsáveis)

O Brian apontou 4 perguntas muito interessantes e eu achei que era importante partilhar estas perguntas contigo. Inclusivamente gostava de as colocar também à minha própria equipa (e acho que irei fazê-lo).

As 4 perguntas são as seguintes

1 – O que é que te faz vir trabalhar todos os dias?

2 - O que é que um dia pode quer fazer-te ir embora?

3 – Onde é que achas que a Instituição/Serviço está a fazer alguma coisa errada?

4 – O que é que tu precisas do teu Líder que não está a obter hoje?


Vou lançar-te um desafio.

Se quiseres e de forma completamente anónima podes responder a estas perguntas no formulário a seguir. 

Link para o formulário da ENTREVISTA PARA FICAR 

Será realizada uma análise qualitativa e os dados agregados posteriormente divulgados no blog "Segurança do Doente" durante o mês de novembro de 2024 

Conhecer o que motiva os trabalhadores a desenvolver um bom trabalho, quais são as suas necessidades e preocupações, são fatores muito importantes para a promoção de um ambiente de trabalho saudável e promotor da Segurança Do Doente.

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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

domingo, 1 de setembro de 2024

Setembro - Mês da Segurança do Doente


Setembro, mês da SEGURANÇA DO DOENTE

A 17 de setembro iremos celebrar o DIA MUNDIAL PARA A SEGURANÇA DO DOENTE sobre o tema “Melhorar o diagnóstico para a segurança do doente”

A OMS refere que um diagnóstico identifica o problema de saúde de um doente. Para chegar a um diagnóstico, os doentes e as suas equipas de cuidados de saúde têm de trabalhar em conjunto para percorrer o complexo e por vezes moroso processo de diagnóstico. Este processo envolve discussões com o doente, exames, testes e análise dos resultados antes de se chegar ao diagnóstico final e ao tratamento. Os erros podem ocorrer em qualquer fase e podem ter consequências significativas. Um diagnóstico tardio, incorreto ou falhado pode prolongar a doença e, por vezes, causar incapacidade ou mesmo a morte.  

O tema do Dia Mundial da Segurança dos Doentes deste ano (2024) centra-se na melhoria do diagnóstico para a segurança dos doentes, utilizando o slogan “Faça-o corretamente, torne-o seguro!”. Neste dia, os doentes e as suas famílias, os profissionais de saúde, os dirigentes dos cuidados de saúde, os decisores políticos e a sociedade civil salientarão o papel fundamental de um diagnóstico correto e atempado na melhoria da segurança dos doentes.

Fonte OMS


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