São 8h15m e estou no meu armazém clínico a fazer o pedido de reposição do material. Porta aberta.
Alguém me chama:
"Enfermeiro, enfermeiro…"
Volto-me e vejo a pessoa à minha frente.
Uma senhora (+/- 50 anos) que nunca vi antes.
Profissional da casa (?)
Vestia fato verde (tipo bloco)
Não tem cartão de identificação
Cabelo comprido, solto
Brincos (pendentes - à espanhola)
Unhas de gel de cor laranja fluorescente
Pintura no contorno dos olhos a condizer
Pulseiras em ambos os punhos
Relógio de pulso
Anéis, vários (claro)
Quase não consigo concentrar-me na pergunta que me está a fazer.
Tenho dificuldade em “olhar” para além de tanto “ruido”. Logo eu que já falei tanto nisto (Link AQUI)
Penso para comigo próprio - Como é que um profissional de saúde, seja lá quem for, consegue prestar cuidados de saúde a um doente, cumprindo as precauções básicas de controlo de infeção, desta forma?
Provavelmente não consegue!
Todos os que trabalham no setor público da saúde sabem bem como somos mal pagos pelo trabalho que fazemos, mas quando encontro pessoas como descrito acima, percebo que alguns de nós até ganham de mais para aquilo que fazem.
E tudo isto interfere com a Segurança do Doente de forma direta e indireta.
"Podem ainda não estar a ver as coisas à superfície, mas por baixo já está tudo a arder" (Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio)
Falamos, discutimos e insistimos com formação sobre higiene das mãos e outras Precauções Básicas De Controlo De Infeção
Somos até capazes de exigir a alguns grupos profissionais que cumpram com as orientações.
Mas outros há que nada querem saber, que nada fazem para melhorar, e que nunca serão responsabilizados por isso
Por favor, aprende mais sobre “Segurança do Doente”.
Podes começar por aqui: Minicurso On-line: Segurança Do Doente (Conceitos Base)
Pode fazer toda a diferença na vida de um doente.
UM DIA SERÁS TU O DOENTE!
#umdiaserastuodoente
Fernando Barroso