Por mais que tente, não consigo entender tudo aquilo que observo.
Alguém me interpela e “pede” mais fatos de circulação, que os que tem diariamente no serviço não chegam... Diz que - “agora somos chamados mais vezes perto dos doentes e que depois tem de tomar banho… e vestir outro fato”
Não resisto a comentar que compreendo que, quando passas 2, 3
ou 4 horas metido num EPI plástico que ficas todo transpirado, mas não
compreendo como é que intervenções de 10, 15 ou 20 minutos obriguem ao mesmo procedimento.
Não estamos a tratar ébola.
Não temos fatos de circulação para esse volume de medo, e que
é importante que todos estudem o assunto (COVID) e saibam o que devem fazer.
Portugal não aguenta este nível de ignorância.
Alguém pede uma bata impermeável com mangas + luvas +
barrete (já tinha uma P2).
Apenas quer ir a um dos computadores de um gabinete de
consulta (não COVID) consultar algo no SClínico.
Esteve lá menos de 5 minutos a usar o PC.
O EPI foi depois todo para o lixo.
Portugal não tem dinheiro para este nível de medo.
Uma Assistente de lar de uma “Santa Casa” (com casos COVID) entra
no serviço de consultas externas com um utente para uma consulta.
Aproveita uns segundos em que o Segurança não estava na
porta e entrou sem máscara (nem ela nem o utente).
O Segurança apercebesse e alerta. A Sra. é colocada (com o utente) no
exterior (são só alguns metros) e repreendida. Vamos buscar umas máscaras para
lhe entregar.
Ao regressar perto da mesma já ela colocou uma máscara ao utente e coloca uma nela própria. Sempre teve as máscaras consigo. Apenas optou
por não as colocar.
Portugal não aguenta com este nível de iliteracia (?) falta
de formação (?) falta de civismo (?) desprezo pelos outros(?)
E isto foi apenas uma pequena parte do dia…