As úlceras por
pressão representam uma quebra na segurança do doente, é por isso que uma avaliação do risco precoce, com adopção
imediata de medidas preventivas pode fazer toda a diferença.
No seu documento Prevenção e Tratamento de Úlceras por Pressão: Guia de Consulta Rápida, (da responsabilidade da NPUAP, EPUAP
e PPPIA) é afirmado que “uma úlcera por
pressão é uma lesão localizada da pele e/ou tecido subjacente, normalmente
sobre uma proeminência óssea, em resultado da pressão ou de uma combinação
entre esta e forças de torção. As úlceras por pressão também estão associadas a
vários factores contribuintes ou de confusão, cujo papel ainda não se encontra
totalmente esclarecido.”
Este importante documento apresenta recomendações gerais para avaliação
estruturada do risco de desenvolvimento de úlcera por pressão:
- Realizar uma avaliação estruturada do risco com a maior brevidade possível (realizada, no entanto, no período máximo de oito horas após a admissão) para identificar os indivíduos em risco de desenvolver úlceras por pressão.
- Repetir a avaliação do risco tantas vezes quanto necessário tendo em conta o nível de acuidade do doente.
- Efectuar uma reavaliação em caso de alterações significativas na condição de saúde do doente.
- Incluir uma avaliação completa da pele em todas as avaliações de risco para verificar eventuais alterações em pele intacta.
- Documentar todas as avaliações do risco.
- Desenvolver e implementar um plano de prevenção baseado no risco para os indivíduos identificados como estando em risco de desenvolver úlceras por pressão.
Uma das escalas de avaliação mais utilizadas é a “Escala de Braden: Versão Adulto ePediátrica (Braden Q)”
Mas a avaliação do risco não se resume à aplicação de uma escala. Temos de considerar outros riscos presentes no Serviço.
Permitam-me algumas sugestões de perigos que
devem ser considerados no momento de realizar uma avaliação do risco clínico ao Serviço/Unidade:
Perigo
– A principal tipologia de doente no serviço inclui doentes desnutridos, com
baixa mobilidade, idosos. Estes doentes apresentam maior risco
que outra tipologia de doentes que não inclua estes factores de risco
Perigo
– Baixo Rácio Enfermeiro/Doente e Auxiliar/Doente. Quanto
mais baixo for este rácio maior o risco para o doente, pela impossibilidade
destes profissionais implementarem correctamente as medidas preventivas.
Perigo
- Desconhecimento das recomendações por parte dos profissionais Enfermeiros,
Médicos e Auxiliares. Apesar da evidência, informação
disponível, a verdade é que grande parte dos profissionais de saúde desconhece
a forma correcta de prevenir e tratar este tipo de lesões e ainda existem
muitos mitos (por exemplo, o de que a aplicação de hipoclorito de sódio (Dakin) em algumas úlceras por pressão
ajuda ao tratamento).
Perigo - Ausência ou
número insuficiente de Superfícies de Apoio adequados (Colchão e Cama) e de
Dispositivos de Reposicionamento. Se estes equipamentos não estiverem
disponíveis ou forem insuficientes, o risco aumenta por incapacidade de
implementação das boas práticas/recomendações; Para além da quantidade das
superfícies de prevenção, considere-se também o tempo útil de vida dos equipamentos que
estão em uso, ou seja, deve ser garantido que estes equipamentos se encontram
em bom estado de conservação, acautelando as suas características preventivas,
caso contrario, o seu uso pode provocar mais dano no doente que a sua ausência.
Perigo
- Indisponibilidade de materiais de penso adequados ou utilização inadequada.
Quando é necessário tratar, é fundamental usar os materiais adequados. Se estes
não estão disponíveis, o risco de aplicação de um tratamento inadequado ou do
prolongamento do tratamento aumenta.
Existem certamente muitos outros perigos e riscos
associados, específicos de determinados Serviços, mas os que acabamos de
referir devem ser considerados aquando de uma avaliação do risco clínico num serviço de internamento, e implementadas medidas preventivas e
correctivas adequadas, dentro de um espaço
temporal definido, e com a identificação
nominal do responsável pelo seu desenvolvimento e concretização.
E
no teu Serviço/Instituição, que outros perigos estão presentes? Partilha
connosco nos comentários.
Terminamos saudando a posição da ELCOS relativamente à polémica relacionada com a substituição da expressão “Úlcera por Pressão” por “Lesão por Pressão”.
Em resumo, é afirmado que “a ELCOS – Sociedade
Portuguesa de Feridas advoga, como a EPUAP, a expressão “Úlcera por Pressão” que, em termos do direito, encerra também uma
ideia de responsabilidade: “Úlcera por Pressão” identifica uma ferida em tecido
cutâneo ou mucoso, provocada por causa da pressão, pressão essa autorizada,
permitida, consentida, exercida.”
Parabéns
ELCOS
Fernando Barroso
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