As Precauções Básicas do Controlo da Infeção (PBCI) destinam-se a prevenir a transmissão cruzada proveniente de
fontes de infeção conhecidas ou não, aplicáveis a todos os doentes e em todos
os níveis de cuidados. Estas medidas têm sido amplamente divulgadas a nível
mundial mediante o seu importante papel na segurança dos doentes, dos
profissionais de saúde e de todos os que entram em contacto com as unidades de
saúde.
Foi recentemente publicado um estudo descritivo-correlacional para medir a “conformidade
admitida pelos próprios enfermeiros”,
relativamente à adesão às precauções básicas do controlo de infeção,
conhecimento sobre o HCV, suscetibilidade
e gravidade percecionada sobre o HCV e ainda sobre os benefícios ou barreiras
percecionadas acerca do cumprimento das PBCI. Foram examinadas as relações entre estas variáveis.
Os investigadores da Northwell Health em Great
Neck, Nova Iorque, inquiriram 231 Enfermeiros (n =
231) que trabalham em ambientes de
cuidados de ambulatório.
De acordo com o estudo publicado no American Journal of Infection Control apenas 17,4% dos enfermeiros admitiram cumprir
as PBCI.
Nos Estados Unidos as PBCI são as
seguintes:
1 - Prestar cuidados considerando todos os doentes/utentes como
potencialmente contagiosos;
2 - Higienizar as mãos após a remoção das luvas;
3 - Evitar a utilização de adornos nas mãos;
4 - Usar luvas quando é espectável a exposição das mãos a fluidos
corporais;
5 - Evitar reencapsular agulhas;
6 - Evitar desadaptar a agulha usada da seringa;
7 - Usar máscara facial quando se prevê exposição a microrganismos
transmitidos pelo ar;
8 - Higienizar as mãos após a prestação de cuidados;
9 - Eliminar materiais cortantes e perfurantes em contentor adequado;
As
precauções básicas com maior percentagem de cumprimento foram: “utilização de luvas” (92%); “lavar as mãos após a prestação de
cuidados” (82%); e “usar uma
máscara” (70%).
De acordo
com os autores do estudo "a conformidade admitida pelos próprios enfermeiros pode estar sobrevalorizada relativamente à
conformidade que seria obtida face à conformidade real e isso torna estes
resultados ainda mais preocupantes face ao potencial de exposição a doenças
infeciosas”.
“No geral, os enfermeiros optam por adotar alguns comportamentos, que os colocam em risco
de adquirir uma infeção.”
Em Portugal, a DGS promove a divulgação e
aplicação das PBCI através da campanha das precauções básicas de controlo de infeção. No âmbito da presente campanha é
fundamental os profissionais integrarem o risco do uso de unhas com verniz/unhas de gel na transmissão cruzada de
microrganismos. Neste sentido, sugerimos a leitura atenta do documento:
Urge
salientar a importância das hierarquias, dos grupos de coordenação local do
programa de prevenção e controlo da infeção e de resistência aos
antimicrobianos, assim como dos seus elementos dinamizadores, na adesão ao
cumprimento destas práticas, assumindo-se como um modelo a seguir pelos pares.
Conclusões
Compreender
as razões para a não adesão às PBCI ajudará a determinar uma estratégia para
melhorar o comportamento individual e a implementação dos programas, visando os
aspetos com menor percentagem de adesão, contribuindo para um melhor desempenho
global.
É
determinante a discussão dos fatores que influenciam ou encorajam o cumprimento
das PBCI, o que conduzirá ao seu cumprimento total e eliminar os fatores que possam
impedir essa conformidade.
Os
resultados deste estudo revelam que a utilização de anéis e unhas artificiais
precisam de ser discutidas no seio das equipas. Uma aplicação mais rigorosa de políticas
restritivas nesta matéria deve ocorrer para que gestores de enfermagem,
educadores e pessoal do controle de infeção possam desenvolver eficazmente programas
de formação e de monitorização.
Uma
lacuna do conhecimento a respeito da transmissão, tratamento e progressão do
HCV pode afetar a perceção do risco e gravidade da doença por parte dos enfermeiros.
Partindo
de uma suposição do “Modelo de Crenças na Saúde”, um enfermeiro irá envolver-se mais com uma
recomendação, se ele ou ela acreditar que uma condição de saúde negativa pode ser
evitada, e a presença de doença representa, pelo menos, uma ameaça moderada a
algum aspeto da sua vida.
Terminamos reforçando a
informação de que em Portugal, a DGS promove a
divulgação e aplicação das precauções básicas através da campanha das precauções básicas de controlo de infeção. Sugerimos ainda a consulta e leitura atenta
da Norma DGS nº 029/2012 - Precauções Básicas do Controlo da Infeção (PBCI).
Felisbela Barroso
Verónica Florêncio
Fernando Barroso
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Ontem recebi a seguinte pergunta:
ResponderEliminar"Mas afinal existe ou não risco de infeções ao usar unhas de gel ou gelinho existe algum estudo fidedigno que prove. Gostava de ser esclarecida"
Para responder de forma rápida. SIM, existem estudos, evidências e recomendações sobre este assunto. Uma coisa é clara. Ao usar unhas de gel (gelinho, etc.) estamos a colocar os doentes ao nosso cuidado em risco.
Deixo aqui algumas sugestões de leitura.
Estudos que abordam o tema das “Unhas de Gel”
WHO Guidelines on Hand Hygiene in Health Care
Link: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/44102/1/9789241597906_eng.pdf
Nurses + Artificial Nails = Bacteria
http://infusionnurse.org/2010/03/29/nurses-artificial-nails-bacteria/
What Are the Current Guidelines About Wearing Artificial Nails and Nail Polish in the Healthcare Setting?
Link: http://www.medscape.com/viewarticle/547793#vp_2
Acrylic Nails in Health Care Settings
Link: http://scijourner.org/index.php?option=com_content&view=article&id=186:acrylic-nails-in-health-care-settings
Fundamental, vou repetir, fundamental que os enfermeiros da área da Gestão, embora não estejam diretamente implicados na prestação de cuidados aos doentes, fundamental ( mais uma vez)que esses enfermeiros dêm o exemplo!!!!
ResponderEliminarEvitar-se-iam comentários do género «Ela ( a Enf.ª Chefe/Diretora)também pinta as unhas e usa brincos e fios».....
Cumprs
Augusto
Dar o “exemplo” é uma coisa tramada…
EliminarMuito obrigada pelo tema abordado.
ResponderEliminarHá anos que travo uma "guerra pessoal" com o verniz, gel, gelinho, extensões e toda a panóplia de subterfúgios que a indústria da cosmética inventa. Queria só deixar claro que se este é mais um assunto das profissionais do género feminino, unhas curtas e limpas são para todos (e nem sempre a ausência de cosmética é sinal de unhas limpas...). Quanto aos adornos, relembrar apenas que não há excepções: nem para alianças, nem para outro tipo de anéis (anéis de curso incluídos), pulseiras, relógios, etc. É claro que o exemplo tem mesmo de vir de cima. E não só das enfermeiras. Diretoras clínicas, de cirurgia, de anestesia ou técnicas coordenadoras têm igualmente que ser exemplo de boas práticas.
Para além do exemplo, penso que seria interessante, aumentar o número de auditorias ao cumprimento de medidas de prevenção de infeção e publicá-las em local visível a todos os profissionais - para que as equipas, e cada um individualmente, pudessem refletir a sua prática e perceber onde pode melhorar.
Sugiro a leitura de um artigo muito interessante publicado no British Medical Journal, sobre o efeito do observador na lavagem das mãos. Quando o auditor é visível aos auditados, a prática de lavagem das mãos triplica.
http://passthrough.fw-notify.net/download/708940/http://qualitysafety.bmj.com/content/23/12/974.full.pdf
Resta saber qual o efeito de exposição prolongada à auditoria... Talvez um dia possamos fazer esse estudo.
Obrigado. Excelente partilha.
EliminarPois é Fernando, estás-te a meter num assunto que ninguém gosta muito de tocar, diria mesmo que é uma "vaca sagrada"; estou completamente de acordo, o exemplo vem de cima (como em qualquer outra situação e algumas nós bem conhecemos) e como diz o ditado, ao padre não basta ser, é preciso parecer; tens-me como teu aliado, mesmo que isso nos dê uma imagem demasiado austera; eu gosto de ver todos os profissionais, bonitos; mas não aceito que a beleza, possa condicionar insegurança e dano.
ResponderEliminarObrigado pelo apoio e pelo comentário.
EliminarEste é um assunto que tem de ser discutido.