domingo, 12 de novembro de 2017

Quando As Bactérias Multirresistentes Têm Alta – SD272

Artigo de Autores Convidados
Felisbela Barroso e 
Verónica Florêncio

Os Microrganismos Multirresistentes (MoMR) constituem uma ameaça à saúde pública, com fortes implicações económico-sociais.
O Grupo Coordenador Local de Controlo de Infeção e Prevenção de Resistências aos Antimicrobianos (GCLCIPRA) do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) implementou um conjunto de medidas de prevenção e controlo de infecção de MoMR:
  • Elaboração de um procedimento para controlo de MoMR, com base na Norma DGS nº 018/2014 actualizada a 27/04/2015 - Prevenção e Controlo de Colonização e Infeção por Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina (MRSA) nos hospitais e unidades de internamento de cuidados continuados integrados (Disponível em https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0182014-de-09122014.aspx)
  • Formação aos profissionais;
  • Rastreio de MRSA na admissão hospitalar;
  • Higiene pré-operatória com clorohexidina;
  • Notificação activa dos MoMR aos serviços;
  • Análise e divulgação semestral dos resultados;
  • Emissão de alertas e boletins informativos;
  • Criação de ficha de notificação para o exterior.

Os MoMR mais identificados no CHS nos anos 2016/2017 foram o Staphylococcus aureus meticilino-resistente (MRSA) e as Enterobacteriáceas produtoras de Betalactamases de Espectro Alargado (ESBL).
Na actualidade assiste-se a um aumento crescente de pessoas portadoras de MoMR com alta hospitalar, situação que levou o GCLCIPRA a desenvolver uma estratégia de melhoria da comunicação com as unidades de saúde da comunidade:
  • Envio da ficha de notificação; 
  • Folheto informativo
  • Contacto via email e/ou telefónico;
  • Apoio presencial aos profissionais/cuidadores.

Apurou-se no período 2016/2017 48 notificações para o exterior, 70% exsudados nasais MRSA, 16% exsudado de feridas MRSA, e 8% exsudado de feridas Enterobacteriáceas produtoras de ESBL. A sua maioria foi dirigida a lares – 33%, seguido das Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP)/ Unidades de Saúde Familiar (USF) – 27%, e das Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC) - 8%, tal como consta no gráfico abaixo apresentado.

Este trabalho tem sido muito valorizado pelos profissionais e cuidadores da comunidade, que vêm nesta parceria uma oportunidade de aumentar conhecimentos, e melhorar as práticas da equipa, evitando a transmissão cruzada de MoMR.
A adopção de uma abordagem sistémica e integrada entre as diversas instituições de saúde, assente numa comunicação bidireccional, permite assegurar a continuidade e qualidade dos cuidados, aumentando a segurança dos doentes e dos profissionais.

Propostas para o futuro:

  • Notificação para o exterior em suporte informático;
  • Acesso/Registo Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados;
  • Workshops dirigidos às direções técnicas das Unidades de Saúde da Comunidade;
  • Reuniões periódicas GCLCIPRA e os Elementos Dinamizadores de Controlo de Infecção das UCSP/USF/UCC.

Segundo a DGS (2016) mais de 1/3 das infecções podem ser evitadas. Importa garantir condições de funcionamento nos serviços, adequação dos processos, boas práticas dos profissionais.

Autoras:
Felisbela Barroso e 
Verónica Florêncio
Enfermeiras no Grupo Coordenador Local de Controlo de Infecção e Prevenção de Resistências aos Antimicrobianos do Centro Hospitalar de Setúbal

O Blog "Segurança do Doente" agradece a partilha à autoras deste artigo.

UM DIA, SERÁS TU O DOENTE!

5 comentários:

  1. Muitos parabéns! Ainda na sexta-feira passada numa aula de economia da saúde abordávamos este tema e a necessidade e importância de investimento nesta articulação. Muito bom!
    Sofia

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  2. É com este tipo de trabalho que marcamos a diferença e acrescentamos valor. Parabéns ao GCLPPCIRA pelo exemplo de boas práticas!

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    1. Obrigado pelas palavras Sofia.
      De facto, as colegas fazem um trabalho fantástico.

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  3. Excelente trabalho de integração de cuidados. Est~
    ao de parabéns. Obrigada pela partilha.
    Ana Terezinha Rodrigues

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  4. Tá tudo muito bem...mas enquanto tratarem os Hospitais como centros comerciais com movimentação livre por todos os locais sem vigilância nunca acabaremos com este flagelo....

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