terça-feira, 12 de setembro de 2017

Segurança do Doente na Transfusão Sanguínea - SD266

Quais os principais aspectos que devemos considerar para garantir a segurança do doente antes da administração de sangue? + Fluxograma para Administração de Componentes Sanguíneos (disponível no final do artigo)
Diariamente são administrados nas nossas instituições de saúde centenas unidades de sangue. Apesar de comum, a segurança transfusional é algo que deve merecer a nossa máxima atenção e deve estar presente na nossa mente ao longo de todo o Ciclo Transfusional:
  • Prescrição médica: Na prescrição inicial devem constar pelo menos três elementos identificadores do doente (nome completo, data de nascimento e nº de processo clínico), indicação da transfusão, exames laboratoriais recentes que justifiquem o pedido de transfusão e quaisquer eventos adversos anteriores a esta nova solicitação.
  • Colheita de amostras:  O profissional que faz a colheita de amostra para estudo de compatibilidade (Enfermeiro ou Técnico de Diagnóstico e Terapêutica) deve garantir que o tubo de colheita possui uma etiqueta de identificação completa do doente (nome completo, data de nascimento e nº de processo clínico). As amostras deverão ser transportadas imediatamente ao Serviço de sangue acompanhadas do pedido de transfusão.
  • Selecção Pré- transfusional: Deve ser praticada por profissional qualificado com competência para identificar e resolver, se possível, os problemas que por ventura possam surgir na selecção da bolsa de sangue  a ser transfundida.
  • Dispensa:  A(s) bolsa(s) seleccionada(s) são enviadas, de acordo com a prescrição, para o Serviço onde o doente se encontra, transportadas em contentores adequados e devidamente identificados. É importante referir que as malas de transporte de sangue não podem ser utilizadas para armazenamento do mesmo – apenas são adequadas ao transporte interno entre o serviço de sangue e o serviço onde o doente se encontra, dentro da instituição de saúde.
  • Transfusão:  O profissional de Enfermagem que administra a unidade de sangue deve verificar:
    • A existência da prescrição;
    • A correcta identificação da unidade de sangue e da sua compatibilidade com a prescrição;
    • A correcta identificação do doente confirmando os dados existentes na etiqueta da unidade de sangue com os dados de identificação da pulseira do doente;
    • Verificação dos sinais vitais pré-transfusionais e da permeabilidade do acesso venosa
    • Administração de pré-medicação (se prescrita)
    • Apenas depois destes procedimentos é que a unidade de sangue deve ser preparada (perfurada), iniciando-se posteriormente a transfusão, mantendo uma vigilância constante a possíveis intercorrências/reacções adversas. É fundamental que o profissional que iniciou a administração do sangue permaneça junto do doente nos primeiros 15 minutos para observar possíveis reacções transfusionais graves que podem ocorrer durante este período. Após o término da transfusão são registados os sinais vitais pós transfusionais.
São inúmeros os factores contribuintes que contribuem para um aumento do risco para o doente.
De seguida partilho contigo um pequeno vídeo (de apenas 10 minutos) que merece a tua atenção.



Ao longo dos últimos anos tenho acompanhado vários incidentes relacionados com a administração de sangue (administração ao doente errado; identificação incorrecta de amostra para estudos de compatibilidade, preparação indevida da unidade e consequente desperdício do sangue, etc.)

Em consequência desse acompanhamento produzimos um Fluxograma para Administração de Componentes Sanguíneos com os principais aspectos que devemos ter em atenção e que agora partilhamos.

domingo, 3 de setembro de 2017

As ferramentas da Qualidade em Saúde e da Segurança do Doente são aplicáveis aos Cuidados de Saúde Primários? -SD265

Será que as ferramentas actuais relacionadas com a Qualidade em Saúde e a Segurança do Doente são aplicáveis aos Cuidados de Saúde Primários?

Esta é uma pergunta que têm surgido sistematicamente e que está relacionada com a aplicação dos princípios da qualidade em saúde, da segurança do doente ou da Avaliação do Risco aos Cuidados de Saúde Primários (CSP).

Falo várias vezes com colegas que trabalham nos CSP e quase todos referem que as ferramentas relacionadas com a segurança do doente e a qualidade em saúde não estão adaptadas aos seus locais de trabalho, ou que todos os exemplos disponíveis têm como origem nos cuidados hospitalares.

Eu considero que todos os princípios e ferramentas que existem se podem adaptar aos CSP respeitando a realidade de cada local de trabalho.

É possível atender aos mesmos problemas, às mesmas dificuldades aos mesmos desafios com ferramentas que estão actualmente disponíveis:
Com estas ferramentas é possível, em cada um dos locais onde são prestados cuidados de saúde, desenvolver um plano de qualidade com vista à segurança do doente e à melhoria da prestação de cuidados.

Considero que não é correcta a alegação de que os instrumentos disponíveis não são aplicáveis aos cuidados de saúde primários. Aquilo que tem efectivamente de ser feito é adaptar as perguntas, instrumentos e metodologias existentes a cada um dos diferentes contextos de trabalho.

Tem de realizar-se um esforço de aplicação das ferramentas existentes. Mas acima de tudo na documentação, aplicação e divulgação dessas experiências para que possam ser partilhadas com outros colegas do mesmo nível de cuidados.
Todos temos a responsabilidade de desenvolver esse esforço.

É imperioso documentar o que está a acontecer publicando artigos, histórias, pequenas informações  e tudo aquilo que seja possível com o objectivo da partilha.

Neste âmbito, o Blog Segurança do Doente estará sempre disponível para colaborar, publicando toda a informação relevante.


Pessoalmente, eu próprio tenho feito um esforço na divulgação de questões mais adaptadas aos CSP e irei continuar a fazê-lo.

Para isso, conto também com a vossa ajuda, com as vossas sugestões e perguntas.

Quais as ferramentas que utilizas no teu contexto de CSP? e como?

Que dificuldades encontras na sua aplicação?

Quais as ferramentas que gostavas de ver aqui analisadas numa óptica de CSP?

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

CHS realiza as suas 3as Jornadas de Enfermagem | SD264

O Centro Hospitalar de Setúbal vai realizar as suas 3ªs Jornadas de Enfermagem, cujo tema será “Uma só Enfermagem – Diferentes Perspetivas do Cuidar”, e que decorrerá nos próximos dias 19 e 20 de outubro de 2017, no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal.

Fica aqui o convite à tua participação.



Podes aceder ao site das Jornadas através do link abaixo, onde encontras o programa e toda a informação necessária para poderes participar.