sábado, 21 de setembro de 2013

Incidentes com Dispositivos Médicos - Como Notificar

Os Dispositivos Médicos (DM) estão presentes na maioria dos atos que praticamos aos Doentes.
Quando usamos uma seringa, uma compressa, um monitor para avaliação de sinais vitais, estamos a utilizar um Dispositivo/Equipamento Médico (ver CISD).
Quantas vezes já começas-te a utilizar um DM, para perceber quase de imediato que o mesmo não se encontra em condições de ser utilizado, podendo o mesmo estar a colocar em risco a segurança do doente e também do próprio profissional?
E quando isso acontece o que fazes?
Notificar estes incidentes é fundamental para conseguirmos obter DM de qualidade aceitável, e tornar evidente aos decisores que a opção pelo DM mais barato nem sempre é a melhor opção, e que estes DM colocam em risco os Doentes.

Como devemos notificar?
1.      Assim que detetes um incidente com um DM, regista sumariamente o que estavas a fazer.
2.      É fundamental registar informação relativa ao DM.
1.      Marca;
2.      Lote;
3.      Referencia e data de validade (se possível);
4.      Guardar o DM em causa - Mesmo que já tenha sido utilizado. Este aspeto é fundamental já que é comum a recusa por parte do Fabricante em analisar a notificação com base na “impossibilidade de analisar o DM que causou o incidente”.
3.      Notifica o incidente, assim que te for possível, recorrendo ao sistema de notificação da tua instituição ou, caso o mesmo não exista, utiliza o Sistema Nacional de Notificação de Incidentes e Eventos Adversos (SNNIEA) da DGS.
4.      Se a notificação for interna, envia posteriormente o DM ao grupo/comissão que na tua instituição tenha a responsabilidade de gerir o sistema de notificação. Se a opção foi o SNNIEA, sugiro que envies um resumo da notificação, em conjunto com o DM, para o Serviço de Aprovisionamento da tua Instituição.
Com base na notificação dos Serviços Utilizadores tem sido possível identificar e substituir DM cujo funcionamento é deficiente, colocando em risco o doente e indiretamente os profissionais que o cuidam.
Alguns exemplos incluem:
1.      Válvulas anti-refluxo (tipo Bioconector) que não impedem a saída de sangue ou são demasiado volumosas;
2.      Cateter urinário cuja adaptação é incompatível com o saco coletor em utilização na Instituição;
3.      Penso adesivo que não cola;
4.      Sistema de soro que não fecham na totalidade
5.      Material esterilizado de fábrica que está sujo quando é aberto;
6.      Pacemacker que apresenta uma frequência cardíaca programada diferente da frequência que está marcada no invólucro externo;
7.     
A lista pode ser interminável. Temos de estar atentos e intervir de imediato, para a Segurança do Doente e dos Profissionais. Se for necessário, e dependendo das situações, os incidentes com DM devem também ser notificados ao SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA DE DISPOSITIVOS MÉDICOS do INFARMED, entidade com competência para atuar junto dos Fabricantes neste tipo de incidentes.
Um registo sistemático dos incidentes com DM permite ainda às Instituições reclamar junto dos Fabricantes a restituição de valores despendidos e fundamenta a substituição dos DM que estão na origem dos incidentes por outros de melhor qualidade.
Apenas em conjunto (Utilizador; Júri de concurso; Aprovisionamento e Conselho de Administração) podemos melhorar a qualidade dos DM que utilizamos diariamente.
Caso tenhas alguma dúvida sobre este assunto ou pretendas ver desenvolvido alguma parte ou assunto em particular, por favor, envia as tuas questões/sugestões para blogriscoclinico@gmail.com
Fernando Fausto M Barroso